Saúde • 14:20h • 13 de agosto de 2025
USP estuda ligação entre microbiota intestinal e Parkinson
Estudos revelam que o Parkinson pode começar no intestino e o transplante de microbiota surge como esperança de tratamento modificador da doença
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência SP | Foto: Arquivo Âncora1
Um estudo científico reforça a ligação entre a microbiota intestinal e a doença de Parkinson, abrindo novas perspectivas para o tratamento. Pesquisas indicam que alterações no microbioma, conjunto de bactérias, vírus, fungos e outros microrganismos que vivem no corpo, podem estar relacionadas ao desenvolvimento da doença, o que poderia levar a terapias inovadoras.
Segundo a neurologista Jacy Bezerra Parmera, do Hospital das Clínicas e docente da Faculdade de Medicina da USP, há evidências de que o Parkinson possa se iniciar em dois caminhos diferentes: no cérebro, em um grupo chamado de brain first (“primeiro cérebro”), ou no intestino, em outro grupo denominado body first (“primeiro corpo”).
Cerca de 90% dos pacientes apresentam constipação e outros distúrbios gastrointestinais antes mesmo dos sintomas motores, como tremores e rigidez. Uma das hipóteses envolve a proteína alfa-sinucleína, que, quando mal agregada, está associada à doença e também é encontrada no intestino. Alterações na microbiota poderiam estimular sua produção excessiva — e restaurar o equilíbrio intestinal talvez ajude a reduzir esse processo.
Entre as possíveis terapias em estudo está o transplante de microbiota fecal (TMF), testado na Bélgica e em outros centros da Europa e dos Estados Unidos. Os ensaios clínicos ainda estão nas fases iniciais e, no Brasil, não há pesquisas específicas sobre o uso da técnica para o Parkinson.
Para Jacy, o objetivo é ir além do controle dos sintomas. “Precisamos de um tratamento modificador, capaz de frear a progressão da doença”, afirma. Hoje, medicamentos e técnicas como a estimulação cerebral profunda ajudam a manter qualidade de vida por décadas, mas não interrompem o avanço da enfermidade.
A médica defende que novas linhas de pesquisa sejam exploradas e que se combata o estigma em torno do diagnóstico. “Receber a notícia não significa que a pessoa deixará de trabalhar ou viver bem. Com tratamento e acompanhamento multidisciplinar, é possível manter autonomia e qualidade de vida”, conclui.
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