Mundo • 14:37h • 30 de junho de 2025
Uso do ChatGPT pode prejudicar a aprendizagem, alerta instituto
Conclusões estão em estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência Brasil | Foto: Arquivo Âncora1

Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, alertam para possíveis impactos negativos do uso de inteligência artificial (IA) na aprendizagem, sobretudo entre pessoas mais jovens. As conclusões estão em um artigo publicado neste mês pelo MIT Media Lab.
O estudo analisou o uso de LLMs (grandes modelos de linguagem, na sigla em inglês), tipo de IA treinada para compreender e gerar textos com fluência semelhante à humana — como é o caso do ChatGPT. Segundo os pesquisadores, o uso contínuo desse tipo de ferramenta pode comprometer a atividade cerebral, a linguagem e o comportamento dos usuários.
“Ao longo de quatro meses, os usuários de LLMs apresentaram desempenho inferior nos níveis neural, linguístico e comportamental. Esses achados levantam preocupações sobre os efeitos educacionais de longo prazo da dependência dessas tecnologias”, destaca o estudo.
Como foi feita a pesquisa
Cinquenta e quatro voluntários participaram da pesquisa. Todos deveriam escrever uma redação, mas foram divididos em três grupos: um utilizou apenas o ChatGPT; outro, ferramentas de busca como o Google; e o terceiro teve que escrever apenas com os próprios conhecimentos, sem qualquer auxílio externo.
Para avaliar a atividade cerebral dos participantes, foram realizados exames de eletroencefalografia (EEG). Os textos também foram analisados por professores e por ferramentas de Processamento de Linguagem Natural (PLN), ramo da IA dedicado à interpretação de linguagem humana.
Na segunda fase, os pesquisadores reorganizaram parte dos participantes entre os grupos: pessoas que haviam usado o ChatGPT passaram a escrever sem nenhuma ajuda, e vice-versa.
Os resultados mostraram que os participantes que usaram apenas suas próprias capacidades cognitivas apresentaram redes cerebrais mais fortes e distribuídas. Já os que utilizaram apenas ferramentas de busca mostraram uma atividade intermediária. Os usuários do ChatGPT, por outro lado, exibiram conectividades neurais mais fracas.
Quando os grupos foram invertidos, os ex-usuários do ChatGPT continuaram apresentando baixa conectividade cerebral mesmo sem apoio da IA. Já os que passaram a usar o ChatGPT depois mostraram aumento da atividade em regiões associadas à memória e ao raciocínio, embora de maneira semelhante à observada nos usuários de buscadores.
Sensação de autoria e memorização
Outro ponto levantado pelo estudo foi o sentimento de autoria sobre os textos. Aqueles que escreveram com o apoio do ChatGPT relataram menor identificação com os textos produzidos. Os que usaram apenas buscadores sentiram-se mais autores, mas menos do que os que escreveram baseando-se apenas em seu próprio conhecimento — esse último grupo foi o que apresentou maior retenção de conteúdo e capacidade de citar trechos da redação minutos após escrevê-la.
“Diante do crescimento no uso de modelos de linguagem por estudantes e professores, este estudo aponta para uma possível queda nas habilidades cognitivas envolvidas na aprendizagem. Esperamos que os dados sirvam como ponto de partida para debates e orientações sobre o uso responsável da IA na educação”, concluem os autores.
O trabalho reforça a necessidade de mais estudos sobre o impacto da inteligência artificial em ambientes de ensino e aprendizagem, especialmente em contextos de uso frequente e prolongado.
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