Ciência e Tecnologia • 21:00h • 31 de julho de 2025
Terras raras: da analogia com açúcar ao desafio da inovação no Brasil
O que são esses elementos e como se comparam ao açúcar: por que o Brasil precisa investir em ciência, pesquisa e inovação para usá-los com responsabilidade
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Foto: Arquivo/Âncora1

A expressão terras raras, apesar do nome, não se refere a terrenos escassos ou pedaços de solo especial. O termo diz respeito a um conjunto de 17 elementos químicos extraídos da crosta terrestre e refinados para serem utilizados em alta tecnologia. São elementos presentes em diversos produtos do nosso dia a dia, mas sua obtenção exige processos complexos de separação e purificação.
Origem e composição
A melhor forma de compreender esse conceito é por meio de uma analogia simples: terras raras são como o açúcar. Assim como não se encontra o açúcar pronto na cana, é necessário um processo de extração e refinamento até que ele esteja pronto para o uso. Da mesma forma, os elementos de terras raras precisam ser isolados de minérios brutos por meio de técnicas específicas, o que torna sua produção cara e tecnicamente exigente.
Esses elementos incluem nomes como neodímio, lantânio e térbio, entre outros. Eles são fundamentais na fabricação de celulares, baterias, carros elétricos, turbinas eólicas, equipamentos médicos, sensores, chips e até armamentos de alta precisão. A demanda por esses insumos só cresce, impulsionada pela transição energética, digitalização e avanço da indústria de defesa.
Cenário geopolítico global
Apesar de estarem presentes em diversos pontos do planeta, o processo de obtenção das terras raras é altamente dominado pela China, que concentra a maior parte da produção e do refino desses materiais. Essa dependência vem provocando tensões comerciais, principalmente com os Estados Unidos e países da Europa, que buscam alternativas para reduzir a vulnerabilidade em suas cadeias de suprimento.
Oportunidades e desafios para o Brasil
O Brasil entra nesse cenário com potencial promissor. O país possui reservas relevantes de terras raras, especialmente em regiões do Nordeste, e pode se tornar um importante fornecedor global. No entanto, especialistas alertam: é preciso investir em pesquisa científica, inovação tecnológica e sustentabilidade. Só assim o Brasil poderá transformar esse recurso natural em vantagem estratégica sem comprometer o meio ambiente ou os direitos das comunidades locais.
As terras raras também representam um desafio político e econômico. São recursos naturais que exigem regulação, planejamento e incentivo à indústria nacional. Países desenvolvidos já tratam o tema como prioridade estratégica, e o Brasil não pode ficar para trás. Para isso, é urgente que o país fortaleça sua base científica, estimule universidades e centros de pesquisa, e desenvolva sua própria capacidade de refino e transformação tecnológica.
A popularização do tema nas redes sociais e nas manchetes pode gerar confusões. Muita gente acredita que o termo se refere a lotes de terra ou áreas restritas. Mas, na prática, estamos falando de elementos químicos que precisam ser cuidadosamente extraídos e refinados - como o açúcar é da cana. Mais do que escassas, essas substâncias são difíceis de separar e essenciais para o futuro tecnológico da humanidade.
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