Saúde • 16:30h • 22 de setembro de 2025
SUS completa 35 anos como principal rede de assistência para 76% dos brasileiros
Maior sistema público de saúde do mundo mudou a realidade de acesso e elevou a qualidade de vida
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência Gov | Foto: Jeronimo Gonzales/MS
“Foi na Unidade Básica de Saúde que fiz meu pré-natal, recebi todas as vacinas e onde meu filho nasceu com segurança. Hoje, quando ele adoece, sei que posso contar com o SUS.” O relato da técnica de enfermagem Ana Célia dos Santos, moradora da zona rural de São Raimundo Nonato (PI), resume o papel do Sistema Único de Saúde na vida de milhões de brasileiros: confiança e acolhimento.
Na última sexta-feira (19), o SUS completou 35 anos como o maior sistema público, gratuito e universal do mundo. Criado a partir da 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, foi incluído na Constituição de 1988 e regulamentado pela Lei nº 8.080, em 1990. Desde então, a saúde passou a ser reconhecida como direito de todos e dever do Estado.
Antes da criação do sistema, apenas trabalhadores formais ligados à Previdência Social tinham acesso garantido a hospitais públicos — cerca de 30 milhões de pessoas. Hoje, os atendimentos alcançam toda a população brasileira. Estima-se que 76% dos cidadãos dependam exclusivamente do SUS, o que representa 213 milhões de pessoas. Por ano, são realizados 2,8 bilhões de procedimentos, com o trabalho de aproximadamente 3,5 milhões de profissionais.
Entre as iniciativas que marcaram a trajetória do SUS está a Estratégia Saúde da Família, lançada em 1994, que ampliou a atenção primária em áreas urbanas, rurais, indígenas e ribeirinhas. Outro destaque é a rede pública de transplantes, a maior do mundo, responsável por 30 mil procedimentos apenas em 2024. O sistema também garante, gratuitamente, os medicamentos necessários ao longo da vida de transplantados.
O brasiliense Robério Melo, 52 anos, é um dos beneficiados. Em 2017, recebeu um transplante de fígado que salvou sua vida. “Eu renasci. O SUS me devolveu a vida. Hoje, dedico minha trajetória a mostrar que doar órgãos é doar vida”, afirma.
Ao longo da pandemia de Covid-19, o sistema teve papel central na atenção primária, vacinação e atendimento hospitalar. Casos como o de Rodrigo Silva Souza, de Paracatu (MG), ilustram essa importância. Diagnosticado em 2021, chegou a ter metade dos pulmões comprometidos. “Mesmo com o hospital lotado, o SUS cuidou de mim com atenção. Foi o que salvou minha vida”, recorda.
A atuação do SUS também se destacou em tragédias nacionais, como no incêndio da Boate Kiss, em 2013, e mais recentemente nas enchentes do Rio Grande do Sul, em 2024, quando foram montados hospitais de campanha e reforçadas ações de vacinação e apoio psicossocial. Outro marco foi a resposta à crise humanitária Yanomami, em que houve redução significativa de óbitos por desnutrição, malária e doenças respiratórias.
Com o maior programa público de vacinação da América Latina, o SUS foi fundamental para conquistas como a erradicação da poliomielite e a recertificação do Brasil como país livre do sarampo. Atualmente, oferece 48 imunobiológicos, incluindo vacinas contra a dengue.
Outros programas consolidaram sua estrutura, como o SAMU 192, Brasil Sorridente, Farmácia Popular, Rede Cegonha, Mais Médicos, Brasil Saudável e, mais recentemente, o Agora Tem Especialistas, voltado a reduzir filas em áreas estratégicas da saúde. Em 2024, a telessaúde registrou 2,5 milhões de atendimentos.
O futuro do sistema passa também pelo fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde. A meta é que, em até dez anos, 70% das necessidades de medicamentos, vacinas e equipamentos do SUS sejam produzidas no país, reduzindo a dependência de importações.
Mais que hospitais e unidades de pronto atendimento, o SUS está presente no cotidiano dos brasileiros de formas muitas vezes invisíveis: na água potável, no controle sanitário de alimentos, no combate a epidemias e na regulação de medicamentos.
“Eu espero que nos próximos anos tenhamos um SUS cada vez mais forte em todas as regiões do país”, afirma a enfermeira Eleuza Procópio de Souza Martinelli, que atua há três décadas no sistema. Já a agricultora Lucicleide Maria da Silva, paciente de 48 anos, resume: “Se não fosse o SUS, o que seria da gente?”.
Para a dentista Cláudia Adriana, com mais de 20 anos de carreira, a maior recompensa é o vínculo com os pacientes: “O gratificante é poder oferecer o que eles não teriam em outro lugar, acompanhar suas famílias e ver a evolução ao longo dos anos”.
O bailarino aposentado Gelson de Oliveira, de 60 anos, reforça: “O SUS é algo que me dá orgulho. O SUS muda vidas. Mudou a minha”.
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