Economia • 13:51h • 05 de agosto de 2025
Setor de limpeza cresce em volume, mas perde receita com troca por marcas baratas
Mesmo com aumento na produção em 2024, indústria viu retração em dólares e enfrenta margens apertadas, custos elevados e pressão do consumo baseado em preço
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Ablipa | Foto: Divulgação

O setor brasileiro de produtos de limpeza encerrou 2024 com crescimento de 8,2% em volume produzido, mas com queda no faturamento total em dólares. Os dados foram apresentados pela Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes (ABIPLA) no lançamento do Anuário 2025 da entidade, realizado em 3 de julho. A principal causa da retração foi a intensificação da migração do consumidor para marcas de menor valor agregado.
Segundo levantamento da NielsenIQ, as chamadas marcas low tier — com preço médio 50% inferior às marcas high tier — cresceram o dobro em comparação com as linhas de alto padrão. Essa mudança de comportamento se refletiu diretamente nas gôndolas, onde produtos mais baratos dominaram o espaço, especialmente nos canais de atacarejo. Embalagens maiores, promoções e menor fidelidade à marca passaram a definir a escolha de grande parte dos consumidores.
Apesar da queda média de 1,2% nos preços ao consumidor final, conforme o INPC, a indústria enfrentou um aumento de 3,75% nos custos de produção, segundo o Índice de Preços ao Produtor. “O setor reduziu preços ao consumidor e aumentou a produção, mesmo com custos mais altos. Isso pressiona nossas margens e dificulta investimentos e inovação”, afirma Juliana Marra, presidente da ABIPLA.
Em 2023, o faturamento do setor foi de US$ 7,485 bilhões. No ano seguinte, caiu para US$ 7,170 bilhões, refletindo não apenas a migração para produtos mais baratos, mas também fatores como a desvalorização do Real — a maior entre os países do G20 — e a deflação setorial. Para 2025, o setor projeta um ano desafiador: de janeiro a maio, a produção já caiu 4,1%, e a expectativa é de manutenção das pressões de custo, volatilidade cambial e acirramento da concorrência nos segmentos populares.
“A robustez e a capacidade de inovação da indústria são grandes, mas precisamos de estabilidade econômica e regulatória para manter a competitividade”, reforça Juliana. O Anuário ABIPLA 2025 está disponível para consulta no site da entidade.
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