Responsabilidade Social • 19:22h • 20 de agosto de 2025
Riscos das redes sociais para crianças reacendem debate sobre regulação e proteção
Denúncias feitas pelo influenciador Felca expuseram a falta de controle sobre o uso de imagens de menores na internet e mobilizaram governo, Congresso e especialistas, que alertam para os perigos da exposição precoce e para a necessidade de fortalecer a rede de proteção às crianças e adolescentes
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência Brasil | Foto: Arquivo Âncora1

As denúncias do influenciador Felca Bress, em vídeo publicado na semana passada, trouxeram à tona os riscos que crianças e adolescentes enfrentam nas redes sociais. As imagens expostas chocaram pela gravidade e desencadearam reações no Congresso Nacional, na Presidência da República e em diversos setores da sociedade. O episódio reacendeu a discussão sobre a ausência de regulação no uso de fotos e vídeos de menores nesses espaços digitais.
Especialistas ouvidos pela Agência Brasil reforçam que a responsabilidade começa em casa, com pais e responsáveis atentos ao que os filhos acessam e compartilham, mas não termina aí: escolas, assistência social e demais órgãos públicos também devem atuar de forma integrada para proteger esse público.
Classificação indicativa e privacidade
Para a escritora e ativista Sheylli Caleffi, respeitar as idades mínimas de cada plataforma é o primeiro passo. O Instagram, por exemplo, não é recomendado para menores de 16 anos, enquanto TikTok e WhatsApp só podem ser usados a partir dos 13. Além de monitorar o tempo de uso, responsáveis devem configurar perfis como privados e restringir o contato de desconhecidos.
“Quando você decide dar acesso aos seus filhos nos ambientes digitais, precisa olhar também as configurações daquilo que liberou”, alerta.
Caleffi lembra ainda que a exposição pode vir da própria família, quando pais, avós ou tios postam fotos de crianças em suas contas. “As redes não são álbuns de família, são ambientes comerciais visitados por bilhões de pessoas, inclusive criminosos”, afirma.
Adultização precoce
Outro problema é a chamada “adultização” — quando crianças são expostas a comportamentos, roupas e padrões próprios do mundo adulto, tanto online quanto fora da internet. Segundo Caleffi, isso pode gerar impactos psicológicos sérios, como baixa autoestima, distorções de imagem corporal e até sexualização precoce.
Nesse contexto, ela recomenda que pais conversem de forma aberta sobre riscos, monitorem contatos em aplicativos de mensagens e, quando necessário, usem ferramentas de mediação parental, que permitem limitar tempo de tela, rastrear localização e acompanhar acessos.
Rede de proteção além da família
A professora Vládia Jucá, da Universidade Federal do Ceará, lembra que a proteção das crianças é também dever do Estado e da sociedade, conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Ela destaca a importância da rede integrada de assistência — que inclui escolas, serviços de saúde, assistência social, Justiça e Ministério Público — para identificar riscos e agir de forma coordenada.
“As redes de proteção precisam atuar onde as crianças estão, inclusive na internet. Muitas famílias ainda enxergam as redes como vitrines de afeto, mas esquecem que imagens caem no domínio público e podem ser usadas de maneiras diversas”, alerta.
Escuta e regulação
Para Jucá, além de reforçar a infraestrutura da rede de proteção, é urgente regulamentar a atuação das big techs e das plataformas digitais. Ela ressalta, ainda, a importância de criar espaços de escuta para crianças e adolescentes, que frequentemente relatam não serem ouvidos em casa ou na escola.
Canais de denúncia
Situações de abuso, exploração ou qualquer violação dos direitos de crianças e adolescentes podem ser denunciadas pelo Disque 100, serviço gratuito e disponível 24 horas por dia, em todo o país.
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