Variedades • 12:38h • 23 de julho de 2025
Rachaduras, plástico e lixo: o outro lado do couro vegano que ninguém mostra
Marcia Jorge alerta para os impactos ambientais ocultos do couro sintético e cobra responsabilidade das marcas com a informação que oferecem ao público
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Lara Assessoria | Foto: Divulgação

A popularização do chamado “couro vegano” ou “couro ecológico” tem crescido na indústria da moda, impulsionada por campanhas que associam o produto à sustentabilidade e ao respeito animal. Mas, por trás do nome aparentemente inofensivo, há uma série de contradições que têm sido ignoradas tanto por consumidores quanto por empresas. Para a stylist e consultora de imagem Marcia Jorge, o termo mascara impactos ambientais relevantes e induz o público ao erro com promessas que não se sustentam na prática.
Com mais de duas décadas de atuação no setor e experiência em marcas como Avon, Coca-Cola e Grupo Boticário, Marcia é enfática: “Chamar de ecológico um material feito de derivados de petróleo, como PVC ou poliuretano, é uma maquiagem verde que engana o consumidor”. Segundo ela, o couro vegano costuma ter baixa durabilidade e, quando se deteriora, não há conserto possível gerando resíduos que vão parar diretamente no lixo comum.
As críticas da consultora são reforçadas por estudos. A ONG WWF (World Wide Fund for Nature) aponta que o PVC e o PU, principais matérias-primas desses produtos, têm baixa capacidade de reciclagem, não se decompõem naturalmente e exigem o uso de compostos químicos e combustíveis fósseis em sua fabricação. “Estamos diante de materiais com alto custo ambiental, embora a embalagem diga o contrário”, observa Marcia.
Em sua rotina como figurinista e consultora de marcas, ela testemunha o envelhecimento precoce de roupas e acessórios feitos com esse tipo de material. “Vejo jaquetas, bolsas e sapatos descascando em menos de dois anos. Ficam com aspecto pegajoso e se tornam inutilizáveis”, relata.
A alternativa, segundo Marcia Jorge, não está em substituir o couro animal por imitações de baixa qualidade, mas sim em repensar o consumo. “Moda sustentável de verdade começa com escolhas conscientes: comprar menos, valorizar o que dura, conhecer a origem do que se veste e exigir transparência das marcas. Sustentabilidade não é aparência, é compromisso”, afirma.
Entre as opções consideradas mais honestas e promissoras estão materiais como o Piñatex (feito de fibras de abacaxi), couro de maçã, couro de cogumelo e até tecidos obtidos da kombucha e da borra de café. Tecidos naturais como algodão encerado, linho e lona também são destacados como boas alternativas.
O recado final da consultora é direto: “As marcas precisam parar de usar termos como ‘eco-friendly’ sem critério. E nós, profissionais da moda, temos o dever de orientar o público com informação verdadeira”, conclui.
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