Economia • 16:21h • 26 de dezembro de 2025
Queda nas vendas pede revisão de estratégia, não troca de equipe
Especialista aponta que desempenho comercial está mais ligado à clareza de processos e liderança do que à substituição de vendedores
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Mention | Foto: Arquivo/Âncora1
Diante da queda nas vendas, muitas empresas reagem com decisões imediatistas, e a mais comum delas é a troca de profissionais da equipe comercial. O problema é que, na maioria dos casos, essa resposta não ataca a causa real do baixo desempenho. A dificuldade raramente está nas pessoas, mas sim na ausência de uma estratégia comercial clara, bem definida e aplicada de forma consistente no dia a dia da operação.
Sem direção estratégica, metas se transformam em discursos vazios. As equipes até se esforçam, mas trabalham no escuro, sem entender prioridades, critérios de sucesso ou caminhos objetivos para alcançar resultados. Nesse cenário, responsabilizar indivíduos é uma armadilha recorrente que apenas posterga a solução do problema.
Dados da McKinsey & Company reforçam essa leitura. Segundo a consultoria, organizações com processos de vendas estruturados podem alcançar desempenho até 20% superior em relação àquelas com baixa maturidade comercial. A diferença não está no talento individual dos vendedores, mas na capacidade da empresa de transformar estratégia em rotina, metas claras, acompanhamento e foco na execução.
Essa visão é corroborada por estudos da Harvard Business Review, que apontam que 76% dos executivos atribuem falhas nas vendas à má execução da estratégia, e não ao desempenho das equipes. O dado expõe um ponto sensível: estabelecer objetivos ambiciosos não basta se não houver clareza sobre como alcançá-los. Quando a estratégia não chega à operação de forma compreensível, o desalinhamento entre liderança e vendedores se reflete diretamente nos resultados.
Não por acaso, cresce o número de CEOs e diretores comerciais que buscam apoio externo para revisar seus processos de vendas de forma estrutural. O foco deixou de ser apenas o cumprimento de metas e passou a incluir o desenho dos canais de venda, a gestão da carteira de clientes, o uso inteligente de CRM e, principalmente, a atuação da liderança comercial.
O relatório “State of Sales”, da Salesforce, mostra que empresas que monitoram de forma rigorosa o pipeline e utilizam o CRM de maneira estruturada apresentam até 28% mais conversões. O dado reforça que o desempenho comercial está diretamente ligado à qualidade da gestão e dos processos, não apenas ao esforço individual de cada vendedor.
Isso não significa ignorar o fator humano. Equipes desengajadas, mal treinadas ou desalinhadas com a cultura organizacional podem, sim, comprometer qualquer estratégia. No entanto, antes de transferir toda a responsabilidade para os profissionais, é essencial avaliar a solidez da estrutura que os sustenta. Mesmo vendedores experientes dificilmente entregam bons resultados quando não contam com um plano de ação claro, metas bem definidas e liderança presente.
A saída, portanto, não está em decisões impulsivas, mas em um diagnóstico profundo da operação comercial. A substituição de pessoas pode ser necessária em alguns casos, mas jamais deveria ser o primeiro movimento. Estratégia sem execução vira intenção. Execução sem estratégia se transforma em desperdício.
Resultados consistentes exigem visão sistêmica. Gestão comercial é um conjunto interdependente de estratégia, processos, liderança e pessoas. Sem isso, trocar a equipe apenas repete o ciclo. No fim das contas, metas sem plano são ilusões, e nenhuma mudança de nomes resolve problemas causados pela ausência de uma estratégia bem estruturada.
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