Saúde • 12:34h • 11 de setembro de 2025
Obesidade em adolescentes: quando o uso de canetas emagrecedoras pode ser indicado
Especialista alerta que liraglutida e semaglutida estão liberadas a partir dos 12 anos, mas prescrição depende de avaliação médica criteriosa
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria | Foto: Divulgação
A obesidade infantil e juvenil já é tratada como uma pandemia global. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de crianças e adolescentes com obesidade, entre 5 e 19 anos, aumentou dez vezes na última década. No Brasil, o Atlas Mundial da Obesidade 2024 projeta que, até 2035, metade dos jovens estará com excesso de peso, somando cerca de 20 milhões de crianças e adolescentes. O país deve ocupar a 5ª posição no ranking mundial de obesidade nessa faixa etária.
Os impactos vão além da infância: estima-se que 50% dos adolescentes obesos mantenham a condição na vida adulta, o que amplia os riscos de doenças crônicas como diabetes tipo 2, hipertensão, alterações no colesterol, síndrome metabólica e até alguns tipos de câncer.
Para o endocrinologista pediátrico Miguel Liberato, a obesidade é resultado da interação de múltiplos fatores. “Há influência genética, mas também pesam questões ambientais e comportamentais. Filhos de pais obesos e indivíduos de classes socioeconômicas mais baixas estão mais expostos. O ambiente atual, marcado por alimentos ultraprocessados, sedentarismo, excesso de telas e pouco sono, favorece o ganho de peso”, explica.
O tratamento de primeira linha envolve mudanças no estilo de vida, como alimentação equilibrada e prática regular de atividade física. Em casos específicos, no entanto, pode haver indicação de medicamentos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já aprovou o uso de liraglutida e semaglutida para adolescentes a partir de 12 anos. “A indicação é individualizada e só pode ser feita após uma avaliação criteriosa do médico. Essas medicações são adjuvantes e não substituem hábitos saudáveis”, reforça o especialista.
A liraglutida, disponível em versões como o Olire — primeira caneta emagrecedora produzida no Brasil — exige aplicação diária e apresenta eficácia comprovada. Já a semaglutida, encontrada em produtos como o Wegovy, tem aplicação semanal e costuma proporcionar maior perda de peso. “Além da praticidade, a semaglutida mostra resultados superiores, mas em ambos os casos é essencial acompanhamento médico constante”, pontua o endocrinologista.
As diretrizes médicas recomendam a prescrição para adolescentes com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30 kg/m², quando mudanças de estilo de vida não resultam no controle adequado do peso. Para Liberato, no entanto, o maior desafio continua sendo a prevenção. “O acesso a medicamentos deve ampliar com versões nacionais, mas a prioridade deve ser investir em educação alimentar, incentivo à prática de atividade física e políticas de saúde que combatam as causas da obesidade desde cedo”, conclui.
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