Ciência e Tecnologia • 10:22h • 04 de setembro de 2025
Novo sensor portátil identifica drogas perigosas em cigarros eletrônicos
Pesquisadores brasileiros desenvolveram um dispositivo capaz de detectar canabinoides sintéticos em líquidos de vapes e saliva, oferecendo alerta rápido sobre substâncias de alto risco
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência SP | Foto: Governo de SP
Mesmo sem conter drogas ilícitas, os líquidos de cigarros eletrônicos podem causar sérios danos à saúde. Muitos produtos têm concentrações de nicotina muito superiores às de cigarros tradicionais, favorecendo o vício. No Brasil, a fabricação, importação e venda desses dispositivos são proibidas pela Anvisa, o que impede qualquer controle de qualidade.
Alguns líquidos chegam a ter até 100 vezes mais nicotina que um cigarro comum. Além disso, aditivos como o acetato de vitamina E já causaram mortes e lesões graves em outros países. O uso clandestino de canabinoides sintéticos, muito mais potentes que o THC, aumenta os riscos, podendo provocar convulsões, surtos psicóticos e até mortes por overdose.
Para enfrentar o problema, cientistas brasileiros criaram um sensor portátil capaz de identificar com precisão canabinoides sintéticos em líquidos de cigarro eletrônico e fluídos biológicos, como saliva. O dispositivo, descrito na revista Talanta, utiliza um eletrodo de diamante dopado com boro conectado a um potenciostato portátil, podendo ser acoplado a celulares via USB ou Bluetooth. Ele gera sinais eletroquímicos específicos que permitem identificar e quantificar as substâncias presentes.
Testado com os canabinoides AB-Chminaca e MDMB-4en-Pinaca, o sensor detectou concentrações muito baixas mesmo na presença de nicotina e outras interferências. Segundo os pesquisadores, a tecnologia é portátil, reutilizável e altamente seletiva, permitindo identificar apenas as substâncias de interesse.
O dispositivo poderá ser usado em triagens rápidas por autoridades, atendimento de emergências médicas e ações preventivas de redução de danos. O projeto mantém parceria com o Projeto BACO, analisando saliva de frequentadores de festas e festivais para alertar sobre a presença de drogas sintéticas e permitir decisões conscientes sobre o consumo.
Além dos canabinoides, os pesquisadores já desenvolveram sensores para LSD, catinonas e feniletilaminas, com planos de incorporar reagentes colorimétricos para facilitar a interpretação visual dos resultados. O projeto, apoiado pela Fapesp e pelo Ministério da Justiça, busca tornar a ciência uma ferramenta prática para prevenir intoxicações e salvar vidas.
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