Saúde • 12:33h • 12 de agosto de 2025
Níveis elevados de glicose indicam pior prognóstico após primeiro infarto, aponta estudo brasileiro
Pesquisa mostra que delta glicêmico está associado à magnitude do ataque cardíaco e à perda de força de contração do coração
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência SP | Foto: Arquivo Âncora1
Pesquisadores brasileiros identificaram que altos níveis de glicose no sangue podem servir como um biomarcador para indicar pior desfecho em pacientes que tiveram o primeiro infarto agudo do miocárdio.
O estudo, realizado com 244 pacientes atendidos no Hospital São Paulo, mostrou que a variabilidade glicêmica — especialmente o chamado delta glicêmico — está relacionada ao tamanho do infarto e à redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE), que indica a capacidade de contração do coração. Uma fração reduzida pode levar à insuficiência cardíaca.
O delta glicêmico é calculado pela diferença entre a glicemia medida na admissão hospitalar e a glicemia média estimada dos últimos meses, com base na hemoglobina glicada. A análise do dano ao músculo cardíaco foi feita por meio de ressonância magnética 30 dias após o infarto.
Os resultados, publicados na revista Diabetology & Metabolic Syndrome, foram obtidos por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Instituto Dante Pazzanese, Hospital Israelita Albert Einstein e Université Laval (Canadá).
Segundo o cardiologista Henrique Tria Bianco, professor da Unifesp e autor principal do artigo, “os achados foram inéditos e abrem novas perspectivas para entender a fisiopatologia do infarto do miocárdio”.
O estudo recebeu apoio da FAPESP e foi conduzido sob a orientação do professor Francisco Antonio Fonseca, da Unifesp. Fonseca ressalta que “um exame simples e barato, como a hemoglobina glicada, pode funcionar como um biomarcador para identificar pacientes que terão maior dano cardíaco e que precisam de cuidados específicos para melhorar o prognóstico, como controle rigoroso da glicemia e uso de betabloqueadores”.
O infarto agudo do miocárdio é a principal causa de morte no Brasil, com estimativa anual de 300 a 400 mil casos. O atendimento rápido é fundamental para reduzir o risco de óbito.
O estudo analisou pacientes com mais de 18 anos, atendidos pelo SUS, que receberam tratamento fibrinolítico nas primeiras seis horas após o início dos sintomas. Os pacientes incluíam diabéticos, pré-diabéticos e não diabéticos.
A pesquisa concluiu que pacientes com maior delta glicêmico apresentaram infartos maiores e menor função cardíaca. “O próximo passo é validar esses resultados em outras populações e investigar o impacto na saúde a longo prazo”, afirma Bianco.
Futuros estudos vão explorar os mecanismos celulares envolvidos e buscar terapias específicas para melhorar o desfecho em grupos de alto risco. Dados sobre mortalidade estão sendo analisados e serão divulgados em publicações futuras.
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