Responsabilidade Social • 14:10h • 02 de outubro de 2025
Neurologista alerta: exames preventivos exigem protocolos adaptados para mulheres autistas
Outubro Rosa 2025 destaca que dificuldades sensoriais e diagnósticos tardios tornam exames preventivos mais desafiadores para mulheres autistas
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria | Foto: Arquivo/Âncora1
O Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização sobre o câncer de mama e a saúde feminina, ganha uma dimensão inédita ao incluir a realidade das mulheres neurodivergentes. Segundo o neurologista Dr. Matheus Luis Castelan Trilico, referência em TEA e TDAH em adultos, esse grupo enfrenta barreiras significativas no acesso aos exames preventivos, o que aumenta o risco de diagnósticos tardios.
Dados do último Censo do IBGE apontam que o Brasil tem cerca de 2,4 milhões de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), sendo 1 milhão mulheres,o equivalente a 0,9% da população feminina, contra 1,5% dos homens. A diferença reflete um cenário de subdiagnóstico feminino, que deixa milhares de mulheres invisíveis para o sistema de saúde.
“Mulheres autistas costumam apresentar estratégias sociais que mascaram sintomas, o que atrasa o diagnóstico em anos ou até décadas. Isso impacta diretamente o acesso à saúde preventiva”, explica o especialista.
Barreiras sensoriais e comunicacionais
Pesquisas internacionais apontam que mulheres neurodivergentes têm adesão 70% menor às mamografias em relação à população geral. Entre os fatores, destacam-se dificuldades sensoriais, como hipersensibilidade ao toque, ruídos e iluminação dos equipamentos, além da ansiedade em ambientes médicos.
“Uma mamografia pode ser traumática para uma mulher autista devido à compressão das mamas, ao barulho do equipamento e à necessidade de imobilidade. Sem protocolos adaptados, essas pacientes ficam excluídas do cuidado”, reforça Dr. Matheus.
A comunicação é outro desafio. Muitas vezes, mulheres no espectro encontram dificuldades para relatar sintomas ou interpretar sinais corporais, o que pode atrasar diagnósticos e comprometer o acompanhamento médico.
Necessidade de protocolos adaptados
Para o neurologista, medidas simples podem transformar a experiência de prevenção. Ambientes com iluminação suave, redução de ruídos, tempo estendido para consultas e linguagem clara sobre cada etapa dos procedimentos são essenciais.
“A abordagem centrada na pessoa, considerando suas necessidades sensoriais e comunicacionais, pode ser a diferença entre garantir acompanhamento médico ou abandoná-lo”, alerta.
Um chamado à inclusão na saúde
Os dados reforçam a urgência de protocolos específicos. Além das dificuldades preventivas, estudos mostram que mulheres autistas apresentam maior risco de condições ginecológicas, irregularidades menstruais e doenças autoimunes.
“O Outubro Rosa só será verdadeiramente inclusivo quando reconhecer as barreiras enfrentadas por mulheres neurodivergentes. Adaptar o atendimento é uma questão de justiça em saúde pública”, conclui o médico.
Aviso legal
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, integral ou parcial, do conteúdo textual e das imagens deste site. Para mais informações sobre licenciamento de conteúdo, entre em contato conosco.
Últimas Notícias
As mais lidas
Mundo
Todos os paulistanos são paulistas, mas nem todos os paulistas são paulistanos; entenda
Termos que definem identidade e pertencimento no Estado de São Paulo
Ciência e Tecnologia
Nova anomalia no 3I/ATLAS levanta hipótese inédita de mecanismo artificial no espaço