Economia • 12:36h • 17 de agosto de 2025
Mercado informal de saneantes já movimenta R$ 3,5 bilhões no Brasil, diz associação
ABIPLA aponta risco à saúde pública e teme agravamento com novas tarifas dos EUA sobre exportações brasileiras
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da ABIPLA | Foto: Divulgação
A produção de produtos de limpeza no Brasil caiu 4,7% no primeiro semestre de 2025 em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo levantamento da ABIPLA - Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e Profissional. Na comparação com junho de 2024, a queda foi ainda maior, de 7,8%. O recuo ocorre em meio ao aumento dos custos de produção e à perda de poder de compra das famílias, pressionadas pela inflação.
Para Jordana Saldanha, diretora-executiva da ABIPLA, o cenário indica que o espaço perdido pela indústria formal pode estar sendo ocupado pelo mercado informal, que movimenta cerca de R$ 3,5 bilhões ao ano no país. “A informalidade é um problema não só econômico e social, mas de saúde pública. Produtos clandestinos não seguem padrões mínimos de qualidade, podem ser ineficazes e até perigosos para quem usa, e ainda prejudicam empresas que atuam de forma responsável”, alerta.
A executiva lembra que, diferentemente dos saneantes regularizados, aprovados pela Anvisa, produtos informais não passam por avaliação técnica. “Caso não encontre o número de processo da Anvisa no rótulo do saneante, não utilize”, reforça. Jordana, que já atuou no Conselho Federal de Química, também destaca a importância de campanhas de conscientização e de ações mais intensas de fiscalização para proteger o consumidor e garantir concorrência leal.
O setor enfrenta ainda um cenário econômico desfavorável. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) do segmento caiu de 51,3 pontos em junho para 46,8 em julho, o segundo pior resultado da indústria da transformação. Em junho, a inflação dos produtos de limpeza, medida pelo INPC, subiu 0,6%, acima da média geral (0,23%). No acumulado do ano, o avanço de preços no setor (2,83%) ainda está abaixo do índice geral (3,08%), mas a pressão de custos preocupa empresas e consumidores.
Outro ponto de atenção é o impacto das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos importados do Brasil. Em 2025, entre janeiro e junho, os EUA exportaram quase US$ 80 milhões em saneantes para o Brasil, enquanto importaram apenas US$ 5,3 milhões de produtos brasileiros, colocando o país como oitavo maior destino das exportações do setor. “Embora o volume exportado seja pequeno, a medida pode afetar gravemente micro e pequenas empresas, que representam mais de 96% do setor e muitas vezes atuam em nichos específicos”, afirma Jordana.
Para ela, é essencial que o governo brasileiro busque entendimento com os EUA e amplie acordos comerciais com outros mercados. “A indústria brasileira de saneantes tem potencial para aumentar sua presença como exportadora”, conclui.
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