Saúde • 20:23h • 04 de agosto de 2025
Maquiagem em crianças pode causar puberdade precoce, alerta especialista
Endocrinologista pediátrico explica como substâncias químicas presentes em cosméticos podem afetar o desenvolvimento hormonal e causar efeitos a longo prazo
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria | Foto: Divulgação

Cada vez mais presente na rotina de meninas pequenas, o uso precoce de maquiagem tem preocupado médicos e instituições de saúde infantil no Brasil. Influenciadas pelas redes sociais e pela cultura digital, crianças estão tendo contato com cosméticos a partir dos quatro anos de idade, o que motivou a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) a divulgar novas recomendações sobre o uso desses produtos. Entre os alertas está o risco de distúrbios hormonais e doenças provocadas pela exposição a substâncias químicas presentes em itens aparentemente inofensivos.
Para o endocrinologista pediátrico Dr. Miguel Liberato, a pele infantil é mais fina e permeável que a dos adultos, o que aumenta a absorção de componentes potencialmente nocivos. “Essa exposição pode causar desde irritações e alergias até efeitos mais graves, como puberdade precoce, alteração da tireoide, toxicidade neurológica e, em casos de uso prolongado, aumento do risco de câncer no futuro”, afirma o médico.
A SBP recomenda postergar ao máximo o uso de maquiagens e procedimentos estéticos em crianças. Intervenções como alisamentos e tinturas capilares só devem ser feitas após os 12 anos, enquanto esmaltes infantis são indicados apenas a partir dos cinco anos, desde que não contenham solventes e possam ser removidos com água e sabão. Batons e brilhos labiais também exigem cuidado, uso eventual e aplicação supervisionada por adultos.
Mesmo os produtos com apelo infantil devem ser observados com atenção. A Anvisa proíbe maquiagem em crianças menores de três anos e exige que os itens autorizados passem por testes de segurança. “Nem tudo que é vendido como infantil é seguro. O ideal é buscar marcas reconhecidas, verificar o número de registro da Anvisa e, sempre que possível, consultar o pediatra”, orienta Dr. Miguel.
O especialista ainda destaca que alguns cosméticos e itens de higiene pessoal podem conter desreguladores endócrinos, substâncias que interferem no funcionamento hormonal do organismo e que estão presentes não só na maquiagem, mas também em shampoos, sabonetes e protetores solares. “Esses compostos alteram o eixo hormonal e podem acelerar o desenvolvimento das crianças”, afirma.
A orientação dos especialistas é: menos é mais. O uso de cosméticos na infância deve ser repensado com base na segurança e no impacto no desenvolvimento. “Cuidar da pele da criança é cuidar da saúde como um todo. Essa fase é marcada por crescimento acelerado, e tudo o que aplicamos pode ter efeitos que só serão percebidos mais adiante. Informação é, sem dúvida, a melhor forma de proteção”, conclui Dr. Miguel.
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