Ciência e Tecnologia • 14:44h • 10 de agosto de 2025
Ilustração feita à mão ganha força como resistência artística em tempos de IA
Discussão sobre arte e autenticidade cresce enquanto ilustrações manuais ganham novo valor no mercado editorial infantil
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria | Foto: Divulgação

Com a popularização de ferramentas de inteligência artificial, o campo das artes visuais passa por um momento de profunda transformação — e resistência. Uma recente reportagem da Harvard Gazette reacendeu o debate sobre os limites da IA na produção artística, especialmente no universo da ilustração infantil. Diante do avanço tecnológico, cresce a valorização do traço feito à mão como símbolo de autenticidade, presença e emoção, qualidades cada vez mais raras em meio ao excesso de imagens digitais padronizadas.
Ilustradores como Guilherme Bevilaqua, conhecido como Prof. Laqua, defendem que a arte não está apenas na forma, mas na intenção e na experiência de quem cria. “O traço feito à mão tem hesitação, tem escolha, tem presença. A criança sente isso. Ela percebe quando a imagem foi feita por alguém que estava ali de verdade”, diz o artista.
Em suas quase três décadas de atuação, Laqua acompanha de perto o movimento de retorno às origens entre ilustradores iniciantes, que se frustram com a frieza da produção digital e reencontram no papel o prazer da descoberta. Esse movimento é especialmente evidente na literatura voltada ao público infantil, onde as imagens carregam função narrativa e emocional. Estudos apontam que crianças estabelecem vínculos com personagens e cenários por meio das cores, expressões e imperfeições dos traços.
Nesse contexto, a imagem feita à mão fala antes mesmo do texto e cria conexões que a IA, por mais precisa que seja, não consegue reproduzir. “A imagem verdadeira o leitor mirim sente. Não precisa entender tecnicamente, ele sente”, reforça Laqua.
Embora bancos de imagem e plataformas generativas ofereçam praticidade e menor custo, editores seguem investindo em ilustradores com identidade própria, principalmente em projetos que exigem apelo emocional.
Em um cenário saturado por imagens genéricas, o traço manual surge como uma forma de resistência estética e de valorização do humano. “A inteligência artificial pode gerar o que você pedir. Mas ela nunca vai viver o que você vive. E é disso que nasce a arte”, conclui o ilustrador.
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