Economia • 12:35h • 13 de agosto de 2025
iFood mira compra da Alelo e acende alerta entre donos de restaurantes
Especialista aponta que operação pode reduzir autonomia financeira de pequenos e médios estabelecimentos
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Lara Assessoria | Foto: Divulgação

O iFood confirmou que está negociando a compra da Alelo, uma das maiores empresas do país na administração de vales-refeição e vale-alimentação. Caso a transação seja aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a plataforma de delivery passará a atuar também como fornecedora de benefícios, ampliando seu alcance para toda a jornada de consumo, do pedido ao pagamento.
Para Marcelo Marani, professor e CEO da Donos de Restaurantes, a possível aquisição representa um movimento de verticalização que pode comprometer a independência dos negócios gastronômicos, especialmente os de pequeno e médio porte.
Se o iFood controlar também os meios de pagamento, além do canal de vendas, o restaurante perde autonomia. Ele passa a depender da mesma empresa para vender, receber e se relacionar com o cliente, afirma
O mercado de benefícios corporativos movimentou R$ 187 bilhões em 2023, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT). Nesse cenário, a Alelo, atualmente controlada pela Elopar — joint venture do Banco do Brasil e Bradesco —, disputa a liderança com empresas como Ticket e Sodexo. Para Marani, a fusão entre delivery e benefícios reforça a necessidade de gestão mais profissional. “Quem não tem controle sobre seus dados, relacionamento direto com o cliente e uma gestão financeira sólida ficará refém das plataformas. O mercado está se concentrando e quem não se preparar vai pagar essa conta”, alerta.
O especialista também aponta riscos de desequilíbrio nas negociações comerciais. Hoje, muitos restaurantes já consideram elevadas as taxas cobradas pelas plataformas de entrega, e a integração com o controle dos repasses de vales poderia concentrar ainda mais poder nas mãos de um único player. “Se o mesmo operador passar a controlar o pagamento via benefícios, poderá ditar as regras com ainda menos contrapeso. É um modelo que precisa ser debatido com seriedade”, defende.
Sem divulgar valores ou prazos, tanto o iFood quanto a Alelo confirmaram que estão em tratativas. O Cade será responsável por analisar os impactos concorrenciais da operação. Para Marani, o momento exige postura estratégica dos empresários. “Não basta servir boa comida. É preciso diversificar os canais de venda, investir em fidelização própria e ter controle total das finanças. Quem não fizer isso, inevitavelmente, vai perder margem e poder de decisão”, conclui.
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