Variedades • 16:47h • 28 de setembro de 2025
Geração Z troca ostentação por silêncio e inaugura era do “low profile”
Jovens de 16 a 25 anos trocam ostentação por discrição, experiências por bens materiais e transformam silêncio em novo status social
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria | Foto: Arquivo/Âncora1

Eles cresceram sob intensa exposição digital, mas agora rejeitam os holofotes. Jovens da chamada geração Z, entre 16 e 25 anos, estão promovendo uma virada cultural e de comportamento que já impacta redes sociais, saúde mental e consumo. O fenômeno “low profile”, perfis discretos, feeds esvaziados e escolhas seletivas, simboliza um rompimento com a lógica da exibição que marcou a vida online de gerações anteriores.
No ambiente digital, os sinais são claros. Feeds quase vazios, fotos casuais sem edição, postagens arquivadas com frequência e vídeos em formato lo-fi, íntimos e espontâneos, são características marcantes. Compartilhar deixou de ser uma vitrine para virar um gesto restrito, feito em “close friends” ou contas privadas. Segundo a Meta (2024), essa faixa etária é a que mais utiliza recursos de compartilhamento seletivo no Instagram. Para eles, exposição excessiva virou sinônimo de “cringe”, um comportamento associado ao excesso dos millennials.
Esse movimento também dialoga com saúde mental. Pesquisas indicam que quanto maior a exposição, maiores os riscos de ansiedade, comparações sociais e sintomas depressivos. Um relatório da American Psychological Association revelou que 46% dos jovens sentem que as redes afetam negativamente sua autoestima. Para a geração Z, o silêncio digital deixou de ser retração para se tornar autocuidado. Em outras palavras, menos likes e mais equilíbrio.
O comportamento reflete-se no consumo. De acordo com a OECD (2024), os jovens reduziram o consumo de álcool em países desenvolvidos e frequentam menos festas e baladas. O luxo não está mais em carros importados ou grifes chamativas, mas em tempo livre, saúde mental e autonomia. Relatórios recentes da BCG (2024) e da Nielsen (2024) apontam que essa geração paga mais por marcas alinhadas a valores pessoais e prefere gastar com experiências, como viagens e retiros de bem-estar, do que com bens materiais.
O mercado sente os efeitos dessa mudança
Enquanto campanhas agressivas de marketing perdem força segundo a Hubspot (2024), esse é o público que menos responde a esse tipo de abordagem, cresce a busca por autenticidade. O que engaja não é o excesso de efeitos, mas a conversa próxima, quase íntima. Não à toa, no TikTok, a tendência mais consumida por jovens não é dançar ou performar, mas vídeos em tom confessional, com pausas naturais e estética despretensiosa.
O resultado é uma geração que transforma status em discrição e ostentação em escolha consciente. Eles não querem ser donos de tudo, querem ser donos do próprio tempo. Ao rejeitar a lógica da vitrine, a geração Z inaugura um modelo no qual o valor não está em ser visto por muitos, mas em ser entendido por poucos. E, nesse processo, obriga marcas, influenciadores e até instituições a reverem estratégias para dialogar com quem mede sucesso não pelo saldo bancário, mas pela liberdade de viver no próprio ritmo.
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