Variedades • 18:41h • 02 de agosto de 2025
Geração Z rejeita trabalho presencial para não perder séries: desafio ou nova lógica da produtividade?
Pesquisa aponta que metade dos jovens profissionais prefere o home office para manter o hábito de assistir streaming; especialistas defendem nova abordagem sobre foco e rendimento
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria | Foto: Divulgação

O trabalho remoto se consolidou como uma alternativa viável para muitos profissionais, mas com ele vieram também novos comportamentos que desafiam as regras tradicionais de produtividade. Entre os jovens da Geração Z, nascidos a partir do final dos anos 1990, o desejo por flexibilidade vai além do conforto: cerca de 50% afirmam que não querem voltar ao trabalho presencial porque perderiam a chance de assistir às suas séries favoritas em casa.
O dado, revelado por uma pesquisa do serviço de streaming Tubi, expõe um traço marcante desse grupo. Segundo o estudo, 84% dos trabalhadores da Geração Z admitem ver filmes e séries durante o expediente remoto, e mais da metade já adiou tarefas para terminar um episódio. Apesar de parecer, à primeira vista, um problema de produtividade, especialistas sugerem um olhar mais amplo sobre o comportamento dessa geração.
A vice-presidente da Tubi, Cynthia Clevenger, explica que o streaming, para esses jovens, não é apenas entretenimento, mas uma estratégia para lidar com o silêncio e manter o foco. Técnicas como o body doubling, que simulam a presença de alguém por perto enquanto se realiza uma tarefa, são aplicadas de forma intuitiva com conteúdos de vídeo. Segundo ela, o hábito ajuda a manter o ritmo de trabalho e contribui com pausas mentais necessárias para a concentração.
O impasse está justamente no modelo de gestão adotado por muitas empresas. Nomes como Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, criticam o modelo remoto, alegando queda na produtividade de funcionários mais jovens. No entanto, profissionais de recursos humanos, como Meisha-ann Martin, da Workhuman, alertam para o risco de ignorar sinais de exaustão e desengajamento. Para ela, a solução não está em controlar o streaming, mas em repensar o ambiente de trabalho.
Mais do que uma defesa do entretenimento no expediente, a discussão gira em torno da autonomia no trabalho moderno. Patrice Lindo, CEO da Career Nomad, afirma que o foco deveria estar na entrega de resultados, e não na rigidez dos métodos. “Se a Geração Z está vendo séries durante o trabalho e ainda assim entrega o que precisa, talvez o problema não esteja onde muitos pensam”, observa.
A discussão está longe de terminar, mas um ponto parece certo: o futuro do trabalho exige menos vigilância e mais adaptação. A geração que cresceu entre telas e algoritmos está mostrando que produtividade pode andar ao lado de pausas, autonomia e, sim, episódios de streaming.
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