Saúde • 08:23h • 21 de agosto de 2025
Estudo indica que doença falciforme pode reduzir vida em até 10 anos no Brasil
Infecções, complicações pulmonares e neurológicas estão entre as principais causas de morte; sobrecarga de ferro surge como fator de risco independente
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações do CFF | Foto: CFF

Apesar dos avanços no diagnóstico e no cuidado clínico nas últimas décadas, pessoas com doença falciforme (DF) no Brasil ainda vivem, em média, uma década a menos do que a população geral. É o que revela uma pesquisa publicada no periódico PLOS Global Public Health, baseada em dados de seis centros de referência no país.
De acordo com o levantamento, as principais causas de morte entre esses pacientes são infecções (33,3%), doenças pulmonares não infecciosas (25,2%) e complicações neurológicas (14,5%). Além disso, o estudo identificou fatores preditores de mortalidade em adultos, sendo os mais relevantes a idade avançada, a sobrecarga de ferro no organismo e internações hospitalares anteriores.
Um dos achados mais significativos foi a confirmação da sobrecarga de ferro como marcador independente de risco de morte. Embora as transfusões de sangue sejam fundamentais para prevenir eventos graves, como o acidente vascular cerebral, elas podem levar ao acúmulo excessivo de ferro, exigindo monitoramento contínuo. Segundo os pesquisadores, essa condição já é reconhecida como responsável por maior mortalidade em outras doenças cronicamente transfundidas, como a talassemia.
A doença falciforme é hereditária e resulta de uma mutação no gene responsável pela produção da hemoglobina. O defeito provoca deformidades nos glóbulos vermelhos, que assumem a forma de foice e prejudicam o fluxo sanguíneo, favorecendo crises dolorosas, anemia, infecções, insuficiência renal, complicações na gestação e risco aumentado de acidente vascular cerebral.
Embora mais frequente em pessoas de ascendência africana, a DF pode afetar indivíduos de diferentes origens. Estimativas globais de 2021 apontam que 7,74 milhões de pessoas viviam com a doença, com cerca de 515 mil novos casos por ano, concentrados principalmente na África Subsaariana.
No Brasil, o Ministério da Saúde calcula entre 60 mil e 100 mil pacientes, com maior prevalência na Bahia, no Distrito Federal e em Minas Gerais. A análise publicada avaliou 2.793 pessoas acompanhadas em seis hemocentros nacionais, reforçando a necessidade de estratégias de monitoramento e tratamento mais eficazes para reduzir a mortalidade associada à doença.
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