Ciência e Tecnologia • 12:43h • 14 de setembro de 2025
Estudo da Unesp sobre impacto de agrotóxicos em abelhas recebe menção honrosa da Capes
Estudo de doutorado em Zootecnia mostrou que defensivos agrícolas podem alterar a regulação de milhares de genes das abelhas, com risco à biodiversidade e à produção de alimentos
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Unesp | Foto: Isabela Lippi/Acervo Pessoal

Uma pesquisa desenvolvida na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp, em Botucatu, recebeu menção honrosa no Prêmio Capes de Tese 2025, na área de Zootecnia/Recursos Pesqueiros. O trabalho da pesquisadora Isabella Cristina de Castro Lippi revelou que a exposição de abelhas a defensivos agrícolas pode afetar a regulação de milhares de genes, trazendo impactos que vão além da mortalidade imediata dos insetos.
O estudo, intitulado Efeito de dose letal e subletal do imidaclopride no transcriptoma de abelhas Apis mellifera africanizadas, foi orientado pelo professor Ricardo de Oliveira Orsi e desenvolvido no âmbito do Núcleo de Ensino, Ciência e Tecnologia em Apicultura Racional (NECTAR). A pesquisa mostrou que doses chamadas de “subletais” — aquelas que não matam de imediato — podem provocar mais alterações genéticas que as letais, comprometendo funções como imunidade, nutrição, metabolismo, comportamento e até a capacidade de voo.
Pesquisa mostra que doses subletais de defensivos agrícolas alteram milhares de genes das abelhas
“Mesmo que a abelha não morra logo após o contato, ela pode apresentar efeitos danosos que levam à morte dias ou semanas depois, o que muitas vezes não é associado ao agrotóxico”, explica Isabella. Segundo a pesquisadora, os resultados são preocupantes porque as abelhas desempenham papel essencial na polinização de frutas, verduras e castanhas, diretamente ligada à segurança alimentar e à biodiversidade.
O trabalho utilizou colmeias experimentais da FMVZ e contou com análises no Instituto de Biotecnologia (IBETEC), além de uma etapa de pesquisa na Universidade de Queensland, na Austrália. Os resultados reforçam a importância de estudos que embasem políticas públicas mais rigorosas sobre o uso de agrotóxicos.
Segundo o professor Orsi, o estudo integra uma linha de pesquisas do NECTAR que já embasou restrições de produtos como o Fipronil. “Mostramos que doses muito baixas de diferentes agrotóxicos, embora não matem as abelhas de imediato, provocam distúrbios fisiológicos e comportamentais. É um alerta que reforça o conceito de Saúde Única e o alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU”, afirmou.
Atualmente, Isabella atua como pesquisadora na Universidade de Queensland, onde busca ampliar projetos semelhantes. A expectativa é que os desdobramentos da pesquisa contribuam para práticas agrícolas mais sustentáveis e menos prejudiciais aos polinizadores.
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