Economia • 13:30h • 07 de julho de 2024
Escândalo Americanas revela desafios na fiscalização de fraudes contábeis e governança corporativa
Operação Disclosure expõe falhas na regulamentação do mercado financeiro
Da Redação | Com informações da Agência Brasil | Foto: Antonio Cruz

A recente Operação Disclosure da Polícia Federal, que investigou a antiga cúpula do Grupo Americanas, trouxe à tona os desafios e limitações da regulamentação do mercado financeiro no Brasil. Especialistas apontam a necessidade de equilibrar a regulamentação estatal e a autorregulação, além de enfrentar conflitos de interesses, fraudes empresariais sofisticadas e insuficiência de recursos no órgão regulador.
Os principais investigados, incluindo o ex-CEO Miguel Gutierrez e a ex-diretora Anna Cristina Ramos Saicali, são suspeitos de envolvimento em um esquema fraudulento que causou um rombo de mais de R$ 40 bilhões na companhia. Esse escândalo levou a uma queda de mais de 90% no valor das ações da empresa, um dos maiores nomes do varejo nacional.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), responsável pela fiscalização do mercado de valores mobiliários, reconhece que seu orçamento atual de R$ 330 milhões é inadequado, com a maior parte comprometida com encargos fixos. A CVM depende de informações prestadas pelas empresas para realizar a fiscalização, o que limita sua capacidade de detectar fraudes sofisticadas.
Especialistas como Luís André Azevedo, da FGV Direito SP, e Gilberto Braga, do Ibmec, destacam que a regulação estatal é robusta, mas enfrenta problemas de orçamento e recursos humanos. Além disso, a autorregulação das empresas, baseada em governança corporativa, mostrou-se insuficiente no caso das Americanas, onde um grupo estruturado ocultava irregularidades.
As auditorias independentes também falharam em detectar a fraude. Empresas como PwC e KPMG, responsáveis pela auditoria das contas da Americanas, alegam que as fraudes eram de difícil detecção devido à falsificação de documentos e omissão deliberada de informações.
O caso Americanas destaca a necessidade de fortalecer a regulamentação e fiscalização do mercado financeiro brasileiro, equilibrando a intervenção estatal e a autorregulação das empresas para prevenir fraudes e proteger investidores e acionistas.
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