Responsabilidade Social • 14:19h • 23 de julho de 2025
Empresas que valorizam pais presentes retêm talentos e ampliam diversidade de gênero
No mês dos pais, em agosto, especialistas destacam como o protagonismo paterno impacta a carreira, a equidade de gênero e o futuro das famílias
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria | Foto: Divulgação

Com a chegada de agosto na próxima semana, mês dedicado ao Dia dos Pais, o debate sobre paternidade ganha novas camadas no Brasil. Mais do que homenagens, as empresas e a sociedade começam a refletir sobre o papel dos homens na criação dos filhos e os impactos desse envolvimento na carreira, na dinâmica familiar e na equidade de gênero. Iniciativas corporativas que incentivam o protagonismo paterno têm crescido, provocando uma mudança cultural importante — tanto dentro das organizações quanto na vida dos filhos.
Luis Silva, de 47 anos, é pai de Miguel, de 8. Divorciado há cinco anos, ele assumiu os cuidados integrais do filho durante quase dois anos, enquanto a mãe da criança estudava fora do país. A experiência internacional acabou, mas a rotina com o pai continuou. “Nossa relação é ótima, idem a relação dele com a mãe. Mas preferimos, por enquanto, seguir nossa rotina”, conta Luis, que trabalha como coordenador de tesouraria de uma multinacional em São Paulo, atuando de forma remota.
Luis divide o dia entre reuniões, entregas do trabalho e as demandas de casa, como levar e buscar o filho na escola e na natação. “Já encontrei barreiras para crescer por não conseguir tempo para vender melhor o meu peixe ou flexibilidade para viajar a trabalho. Mas isso também depende muito do líder. Hoje tenho esse líder. Quando preciso me ausentar, aviso e alinho de me conectar mais tarde para dar continuidade às entregas”, afirma.
O papel transformador da paternidade
Segundo Vinícius Bretz, CEO interino da consultoria Filhos no Currículo, histórias como a de Luis ajudam a romper estigmas. “Com a sua realidade, o que Luis mostra para o filho? Que uma mãe pode investir em sua carreira e ficar ausente para uma viagem a trabalho, se preciso for. E que um homem pode, sim, cuidar”, explica. Ele reforça que normalizar falas como “pai é menos responsável” ou “vai ficar de babá hoje?” compromete uma mudança necessária.
Para o especialista, a paternidade está se consolidando como um laboratório para uma masculinidade mais saudável. Desde a pandemia, muitos homens passaram a valorizar mais o tempo com os filhos, antes terceirizado ou assumido majoritariamente pelas mulheres. O reflexo disso aparece em dados.
A pesquisa Radar da Parentalidade 2024, realizada com colaboradores de empresas, aponta que 82% dos pais desejam uma licença-paternidade estendida. Entre eles, 34% desejam mais de 21 dias, 26% querem acima de 120 dias e 22% preferem entre 6 e 22 dias. Apenas 11% estão satisfeitos com os cinco dias previstos atualmente. O estudo ainda revela que 69% dos entrevistados consideram a licença estendida um fator decisivo para permanecer ou mudar de emprego. Para 91%, o benefício ajuda a assumir um papel mais ativo na criação dos filhos, promovendo mais equilíbrio entre os gêneros nas tarefas familiares.
O que as empresas estão fazendo
Empresas que adotam políticas de apoio à paternidade ativa têm colhido benefícios reais, como o aumento da permanência de talentos masculinos e o fortalecimento da presença feminina em cargos de liderança.
Entre as ações concretas já aplicadas por organizações brasileiras estão a flexibilização de horários, opção pelo trabalho remoto, berçários dentro da empresa, programas de capacitação de lideranças sobre equidade de gênero e desenvolvimento de políticas parentais inclusivas para todos os gêneros.
“Tais iniciativas são um convite para que esses pais se tornem participantes ativos na vida de seus filhos desde os primeiros momentos”, destaca Vinícius Bretz. Segundo ele, empresas que não avançarem nessa pauta correm o risco de perder profissionais qualificados para concorrentes mais maduros em relação à parentalidade.
Neste mês dos pais, mais do que presentes, o protagonismo paterno é um presente para a sociedade.
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