Educação • 13:38h • 16 de agosto de 2025
Educação financeira desde a infância pode reduzir endividamento no Brasil
Especialistas defendem inclusão prática do tema no ensino básico para formar adultos mais conscientes e preparados
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da No Ar Assessoria | Foto: Arquivo/Âncora1

A dificuldade do brasileiro em lidar com números e organizar as próprias finanças começa cedo e se reflete diretamente na vida adulta. Pesquisa da Onze mostra que 47% da população não consegue organizar o orçamento e 59% admite não saber por onde começar. Outros 26% afirmam já ter tentado, mas desistiram no caminho. A consequência vai além do bolso individual, afetando a saúde econômica de todo o país.
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) de junho, 78,4% das famílias brasileiras estão endividadas. O índice de pessoas que se consideram “muito endividadas” subiu para 15,9%. Para o CEO e fundador da iCred, Túlio Matos, essa situação está ligada à ausência de educação financeira na formação básica, o que faz com que muitos cheguem à vida adulta sem habilidades essenciais, como planejamento de gastos, compreensão de juros e avaliação de investimentos.
Matos alerta que essa lacuna não afeta apenas quem já está no vermelho. A falta de conhecimento também influencia decisões de consumo, acesso ao crédito e capacidade de poupar. Um trabalhador que não compreende descontos ou taxas, por exemplo, pode aceitar condições desvantajosas, reduzindo seu poder de compra. A longo prazo, isso limita o crescimento econômico pessoal e mantém o ciclo do endividamento.
O caminho, segundo o especialista, passa por inserir a educação financeira desde a infância. O Núcleo de Desenvolvimento Pela Infância (NCPI) destaca que os primeiros anos de vida são decisivos para a formação de habilidades e hábitos. Ensinar crianças a poupar, comparar preços e entender o valor do dinheiro pode gerar adultos mais conscientes e preparados para decisões econômicas. “Quando uma criança aprende que R$ 10 guardados hoje podem virar R$ 12 amanhã, ela começa a entender os juros compostos de forma intuitiva”, explica Matos.
Exemplos internacionais mostram o potencial dessa prática. Países como Finlândia e Cingapura já adotam programas que ensinam noções financeiras por meio de jogos e atividades lúdicas. No Brasil, algumas escolas privadas aplicam iniciativas semelhantes, mas a inserção do tema na rede pública ainda engatinha. O Ministério da Educação incluiu a educação financeira na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o que representa um avanço, embora ainda haja desafios como capacitação de professores e definição de diretrizes claras.
A transformação, segundo especialistas, deve ocorrer tanto nas escolas quanto dentro de casa. Pais podem estimular hábitos financeiros saudáveis dando responsabilidades proporcionais à idade, como administrar a mesada ou participar de decisões de compra. Para Matos, é preciso quebrar o tabu sobre dinheiro na infância. “Quanto mais natural for o diálogo sobre despesas, economia e planejamento, menor será o risco de repetir erros que hoje custam caro ao país”, afirma.
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