Ciência e Tecnologia • 13:35h • 23 de agosto de 2025
Do mar para a medicina: algas marinhas podem ajudar a combater o câncer
Pesquisadora aponta como moléculas de algas marinhas podem ajudar no combate ao câncer, no envelhecimento e em novos antibióticos
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Digital Trix | Foto: Divulgação

O oceano é muitas vezes lembrado como fonte de alimento, rota de navegação ou espaço de contemplação. Mas por trás das ondas há também um “laboratório natural” ainda pouco explorado, com potencial para transformar a medicina do século XXI.
É nesse universo que atua a pesquisadora Tal Luzzatto, da Universidade de Haifa, em Israel. Ela investiga moléculas produzidas por macroalgas, microalgas e bactérias marinhas para aplicações em saúde, nutrição e cosmética. Entre os usos possíveis estão tratamentos contra o câncer, soluções antienvelhecimento e o desenvolvimento de novos antibióticos.
As aplicações em estudo
Segundo Luzzatto, as algas e microrganismos marinhos podem oferecer respostas para alguns dos maiores desafios da saúde atual:
Tratamentos anticâncer – substâncias como a fucoxantina, presente em algas marrons, demonstraram ação potente contra células cancerígenas em testes laboratoriais.
Cuidados com a pele – pigmentos e compostos gelificantes extraídos das algas já são estudados para uso cosmético.
Antimicrobianos e antibióticos – novas moléculas podem combater a crescente resistência bacteriana.
Alimentos funcionais – compostos como as fucoidanas e laminarinas têm propriedades anti-inflamatórias, antivirais e imunomoduladoras.
Alguns compostos já estão em fases avançadas de pesquisa. É o caso da salinosporamida A, produzida por bactérias marinhas, que apresentou efeito promissor contra o câncer colorretal, segundo tipo que mais mata no mundo.
O papel do Brasil
Com cerca de 4,5 milhões de km² de área marítima e mais de 800 espécies de algas conhecidas, o Brasil aparece no radar da pesquisadora. “A costa brasileira é um verdadeiro tesouro. Reúne condições ideais para o desenvolvimento de uma nova frente de pesquisa em biotecnologia marinha”, afirma Luzzatto. Para ela, o país pode se tornar referência, desde que invista em pesquisa, infraestrutura e políticas públicas que conciliem inovação e conservação.
Da pesquisa ao mercado
Transformar descobertas em produtos práticos, no entanto, exige diferentes caminhos. Enquanto medicamentos passam por anos de testes clínicos e regulamentações rigorosas, áreas como cosméticos, suplementos e alimentos funcionais conseguem chegar mais rápido às prateleiras. Um diferencial do setor é que a exploração não precisa ser predatória. Moléculas identificadas podem ser sintetizadas em laboratório ou cultivadas em sistemas controlados, sem impacto direto no meio ambiente.
O futuro da medicina pode estar no mar
Historicamente, os medicamentos foram desenvolvidos a partir de plantas terrestres. Mas o mar, lembra Luzzatto, só começou a ser explorado para fins terapêuticos nos anos 1970. “Ainda estamos no início dessa era”, reforça. Para ela, o oceano pode oferecer soluções inovadoras para doenças e problemas de saúde emergentes, com potencial de impactar milhões de pessoas no mundo todo.
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