Ciência e Tecnologia • 12:30h • 02 de outubro de 2025
Descoberta na Unesp revelou toxicidade da carambola em pacientes renais
Primeiro relato clínico no Brasil ocorreu em 1990 no Hospital das Clínicas de Botucatu e abriu caminho para avanços na nefrologia e na saúde pública
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Unesp | Foto: Divulgação
O potencial tóxico da carambola em pessoas com doença renal foi descrito pela primeira vez por docentes da Unesp, no início da década de 1990. A descoberta teve origem em um caso clínico registrado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), quando um paciente com insuficiência renal crônica apresentou soluços persistentes e desidratação após ingerir a fruta. A associação entre os sintomas e a ingestão da carambola marcou um ponto de virada na compreensão sobre o risco que o fruto representa para portadores de doenças renais.
O episódio se transformou em um marco da nefrologia brasileira após a observação de um grupo de pacientes renais submetidos a hemodiálise, que também apresentaram sintomas semelhantes após consumir a fruta. O então médico residente Luis Cuadrado Martin, hoje docente da Unesp, foi o autor principal do artigo publicado em 1993 no Jornal Brasileiro de Nefrologia. O estudo registrou, de forma inédita, que o consumo da carambola poderia desencadear complicações graves em pacientes renais, incluindo soluços intratáveis, confusão mental e necessidade de intervenções médicas emergenciais.

Docente: Luis Cuadrado Martin | Foto: Carlos Pessoa/FMB
A repercussão do caso se ampliou anos depois, em 1998, quando pesquisadores da USP de Ribeirão Preto relataram situações mais graves, incluindo convulsões e até a morte de um paciente. A partir desses registros, a comunidade médica passou a reconhecer oficialmente os riscos da fruta para pessoas com insuficiência renal, reforçando a necessidade de orientação e prevenção.
Somente em 2013 a substância responsável pelos efeitos adversos foi identificada: a caramboxina. O aminoácido presente na fruta, normalmente filtrado e eliminado pelos rins em pessoas saudáveis, pode se acumular no organismo de pacientes renais e afetar o sistema nervoso central, desencadeando sintomas como agitação psicomotora, confusão, convulsões e risco de óbito.
A descoberta pioneira da Unesp e os estudos subsequentes da USP ajudaram a consolidar uma base de conhecimento que hoje integra a prática médica, impactando diretamente na saúde pública. A identificação da toxicidade da carambola em pacientes renais tornou-se referência mundial e é um exemplo de contribuição brasileira para a medicina, unindo pesquisa, observação clínica e avanços científicos.
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