Saúde • 13:45h • 21 de agosto de 2025
Crescimento do uso de cigarros eletrônicos preocupa médicos e desafia políticas de saúde
No mês de conscientização sobre o câncer de pulmão, médicos reforçam que vapes e pods não são alternativas seguras ao cigarro tradicional
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da SemFronteiras Assessoria | Foto: Arquivo/Âncora1
Agosto é marcado pela conscientização sobre os riscos do câncer de pulmão, e especialistas voltam a chamar atenção para um hábito que vem crescendo entre os brasileiros, principalmente entre os mais jovens: o uso de cigarros eletrônicos.
Um estudo da Fundação do Câncer, divulgado em 2024 com base em dados da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, aponta que os casos de câncer de pulmão no Brasil devem crescer 65% e a mortalidade 74% até 2040, caso se mantenha o padrão atual de consumo de tabaco. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o tabagismo é responsável por mais de 86% dos casos no país. Agora, os vapes e pods representam uma preocupação adicional.
De acordo com a pneumologista Daniela Campos, os cigarros eletrônicos atraem jovens por terem sabores variados, ausência do cheiro forte e até mesmo design customizado. “A indústria vendeu a ideia de que esses aparelhos ajudariam as pessoas a largar o cigarro, mas isso nunca foi comprovado. Além disso, muitos já vêm com THC, derivado da maconha, e outros componentes altamente tóxicos”, explica.
Entre os malefícios já identificados, estão doenças graves como a EVALI, que causa insuficiência respiratória aguda, e a bronquiolite obliterante, conhecida como “pulmão de pipoca”. Além disso, estudos apontam riscos que vão muito além do sistema respiratório, incluindo câncer de boca, laringe, aumento de casos de AVC e infarto.
A médica alerta ainda que, mesmo quando os aparelhos são vendidos com a promessa de conter menos nicotina ou até versões “sem nicotina”, os riscos permanecem. “Há substâncias como chumbo, amônia e propilenoglicol, que são igualmente nocivas. A fumaça também afeta pessoas que não fumam, mas inalam o vapor, podendo desenvolver doenças pulmonares”, acrescenta.
No Brasil, projetos de lei sobre a regulamentação dos cigarros eletrônicos seguem em debate, mas sociedades médicas mantêm posição contrária. “Nenhuma sociedade médica séria apoia a legalização. Países que liberaram enfrentam hoje graves problemas de saúde pública, com jovens de 12, 13 anos já dependentes e aumento de internações por doenças relacionadas. No Brasil, precisamos seguir reforçando a prevenção e conscientização”, conclui Daniela.
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