Saúde • 16:13h • 21 de agosto de 2025
Cresce número de mortes por ataques de abelhas e falta tratamento específico no Brasil
Número de ocorrências cresceu 83% em três anos e mortes mais que dobraram, enquanto falta tratamento específico
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Unesp | Foto: Arquivo/Âncora1

Celebradas pela sua função polinizadora e pela produção de mel, as abelhas da espécie Apis mellifera podem parecer inofensivas em voos solitários, mas ataques de enxames têm se tornado uma preocupação crescente no Brasil. O número de acidentes saltou de 18.668 em 2021 para 34.252 em 2024, crescimento de 83%, enquanto os óbitos mais que dobraram, alcançando 125 casos nos dois últimos anos.
Diante do aumento expressivo, pesquisadores da Unesp publicaram um artigo científico na revista Frontiers in Immunology defendendo que o envenenamento por picadas dessas abelhas deve ser tratado como problema de saúde pública. A equipe, coordenada por Rui Seabra Ferreira Júnior, diretor do Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (Cevap), destaca que até julho de 2025 já eram mais de 18 mil acidentes registrados no país.
O pesquisador Benedito Barraviera, da Faculdade de Medicina de Botucatu, lembra que não existe ainda um antídoto contra o veneno das abelhas. “O protocolo atual é apenas tratar os sintomas. Se o soro antiapílico já estivesse disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), teríamos mais segurança e previsibilidade no atendimento das vítimas”, afirma. Ele explica que há dois tipos principais de acidentes: os alérgicos, em que apenas uma ferroada pode causar choque anafilático, e os múltiplos, em que o excesso de veneno provoca intoxicação com risco de complicações neurológicas e renais.
Para o biólogo Osmar Malaspina, do Instituto de Biociências da Unesp, ainda não há consenso sobre as razões do aumento, mas fatores como desmatamento, perda de habitat e aproximação das abelhas de áreas urbanas podem estar relacionados. “A busca por alimentos em regiões modificadas pela ação humana é um possível gatilho para esses encontros cada vez mais frequentes”, analisa.
Na ausência de tratamentos específicos, especialistas reforçam que a prevenção é a melhor estratégia. A orientação é não manusear colmeias, evitar barulhos e movimentos bruscos perto de ninhos e acionar Defesa Civil, bombeiros ou empresas especializadas em remoção. O grupo de pesquisadores defende ainda investimentos em educação, protocolos de atendimento e desenvolvimento de terapias específicas, como o soro antiapílico em fase de testes pelo Cevap, para reduzir as mortes e os custos do tratamento hospitalar.
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