Responsabilidade Social • 10:27h • 22 de novembro de 2025
Como seria um mundo sem gado? Filme exibido na COP 30 tenta responder
Filme “Um mundo sem vacas Brasil: o equilíbrio à prova” foi apresentado pela Embrapa na AgriZone e integra projeto global que discute o papel da pecuária no clima, na cultura e na economia
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Embrapa | Foto: Arquivo/Âncora1
O curta-metragem Um mundo sem vacas Brasil: o equilíbrio à prova foi apresentado na manhã de terça-feira, 18 de novembro, durante painel realizado na AgriZone – a Casa Sustentável da Embrapa – na COP 30. A exibição integrou uma discussão sobre desafios, conquistas e percepções que envolvem a pecuária brasileira, com foco no combate à desinformação e no papel dos produtores na agenda climática.
O curta, produzido especialmente para a COP 30, é um complemento brasileiro ao longa World Without Cows (Um mundo sem vacas), filmado em mais de 40 destinos ao redor do mundo. O longa foi lançado no ano passado, enquanto a versão nacional — com cerca de 20 minutos — foi apresentada exclusivamente para o público do painel, trazendo depoimentos, vivências e contextos do setor no país.
Clodys Menacho, diretor comercial da Alltech do Brasil — empresa de nutrição animal e uma das promotoras da ação ao lado da Embrapa — destacou que o objetivo central do projeto é ampliar o diálogo sobre o papel da pecuária no mundo. Segundo ele, a iniciativa busca estimular um debate amigável, apresentar dados científicos, combater percepções equivocadas e dar visibilidade ao trabalho dos produtores.
Pecuária brasileira em foco
O curta Um mundo sem vacas Brasil: o equilíbrio à prova mostra a realidade de produtores instalados na região amazônica brasileira, incluindo propriedades com 78 hectares, 4,8 mil hectares e 34 mil hectares, situadas no Pará, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. O material também apresenta depoimentos da pesquisadora da Embrapa Gado de Corte (MS), Mariana Aragão.
As propriedades foram destacadas como exemplos de boas práticas para aumento da produtividade sem necessidade de expansão de novas áreas. Dados apresentados no painel indicam que, dos 5 milhões de produtores no país, metade atua na pecuária bovina, sendo 75% pequenos e médios, responsáveis por 30% do rebanho nacional. O Brasil detém o segundo maior rebanho bovino do mundo.
Durante a exibição, a pesquisadora reforçou que a legislação brasileira — em especial o Código Florestal — é uma das mais rigorosas do mundo, com exigência de Reserva Legal entre 20% e 80%, conforme o bioma. “A pecuária não precisa desmatar. A área de pastagens no Brasil não está aumentando, mas a produção de carne, sim. Isso é aumento de produtividade, que só se faz com investimento em pesquisa”, afirmou.
Também foram apresentados os 40 milhões de hectares de pastagens com algum grau de degradação no país, vistos como espaços estratégicos tanto para crescimento da produção sem avanço sobre novas áreas quanto para o sequestro de carbono. “Há condições de se duplicar as áreas de grãos, pecuária e florestas plantadas, sem derrubar uma única árvore”, complementou.
A reflexão que envolve a frase “um mundo sem vacas”, presente em camisetas e bonés exibidos durante o painel, destaca os significados econômicos, culturais e nutricionais dos bovinos, além dos impactos positivos possíveis na agenda climática. “A pecuária vai muito além da produção de alimentos. Faz parte da sobrevivência e da cultura de muitas pessoas. E temos condições de impactar positivamente a agenda climática. Nenhuma atividade econômica tem potencial de reduzir as emissões como a agropecuária”, avaliou Mariana.
O painel contou também com a participação de Altair Burlamaqui, representante da terceira geração de uma família de pecuaristas de Belém, atuante há 14 anos no setor. A apresentação foi conduzida pelo pesquisador da Embrapa Acre (AC), Daniel Lambertucci, com moderação de Mariana Aragão.
A pecuária como elemento cultural no Quênia
A líder climática e gestora de projetos da Federação Nacional dos Agricultores do Quênia, Lily Tanui, destacou durante o painel a importância sociocultural da pecuária no país africano. Segundo ela, a atividade integra parte da identidade local e exige investimento contínuo em práticas sustentáveis.
Tanui reforçou que os produtores precisam ser incluídos de forma efetiva nas discussões sobre sustentabilidade. “Temos muitos dados e informações que os produtores não entendem. É preciso os trazer para as discussões, sem tomar decisões que eles não compreendam”, afirmou.
Assista à versão brasileira do vídeo:
* Matéria atualizada em 28/11/2025 às 10:13 para correção do nome do curta-metragem apresentado na AgriZone.
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