Responsabilidade Social • 16:10h • 18 de dezembro de 2025
Como organizar as férias para crianças com autismo sem perder a rotina
Terapeuta ocupacional orienta famílias sobre rotina, brincadeiras e estímulo à autonomia fora do período escolar
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da CW Assessoria | Foto: Divulgação
O período de férias escolares, que costuma ser aguardado com expectativa por muitas crianças, pode representar um desafio adicional para famílias de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A quebra da rotina, a ausência da escola e o aumento do tempo em casa tendem a impactar o comportamento, a regulação emocional e o engajamento nas atividades diárias. Ainda assim, especialistas apontam que, com planejamento e estratégias adequadas, as férias podem se tornar um importante período de desenvolvimento.
Segundo Bruna Betto, terapeuta ocupacional da Casa Trilá, unidade especializada no neurodesenvolvimento de crianças e adolescentes e integrante do grupo ViV Saúde Mental e Emocional, o principal caminho para atravessar esse período de forma mais leve está na combinação entre previsibilidade, escolhas bem orientadas e respeito às individualidades de cada criança.
As férias, de acordo com a especialista, não precisam ser sinônimo de desorganização ou sobrecarga para a família. Com ajustes simples na rotina e propostas de brincadeiras adequadas, o tempo livre pode favorecer o vínculo familiar, a autonomia e o desenvolvimento de habilidades importantes.
Entender como a criança brinca é o ponto de partida
O brincar é uma das principais formas de a criança explorar o mundo, se comunicar e desenvolver habilidades cognitivas, motoras, sociais e sensoriais. Em crianças com TEA, esse processo pode ocorrer de maneira diferente, o que exige observação e adaptação por parte dos adultos.
Bruna Betto explica que existem diferentes níveis de brincar, que ajudam a orientar as propostas durante as férias. O brincar exploratório envolve estímulos sensoriais, como sons, texturas e movimentos. O brincar funcional aparece quando a criança utiliza o objeto conforme sua função básica, como encaixar ou empilhar peças. Já o brincar pré-simbólico inclui imitações simples do cotidiano, como cuidar de bonecos ou simular ações do dia a dia.
Em fases mais avançadas, surge o brincar simbólico, conhecido como faz de conta, no qual a criança cria histórias e personagens, e os jogos de regras, que envolvem turnos, interação social e combinados simples. Esses níveis não são rígidos e podem coexistir, o que reforça a importância de observar em que estágio a criança se encontra antes de propor novos estímulos.
Ajustar o suporte conforme o nível de necessidade
As estratégias também variam conforme o nível de suporte da criança. Para crianças com nível 1 de suporte, dicas verbais e demonstrações prévias costumam ser suficientes, sempre com incentivo à autonomia e à troca durante as brincadeiras.
No caso de crianças com nível 2, o uso de rotinas visuais, temporizadores e a narração das ações durante o brincar ajudam a aumentar a previsibilidade e a sustentar o tempo de engajamento. Já para crianças com nível 3 de suporte, a orientação é priorizar brinquedos de fácil manipulação, variar as formas de interação com os objetos e utilizar apoios visuais, reforçadores e suportes físicos, vocais ou gestuais de forma gradual.
Organização e previsibilidade reduzem ansiedade
A organização do ambiente também faz diferença durante as férias. O rodízio de brinquedos, em vez de deixar todos disponíveis ao mesmo tempo, ajuda a manter o interesse da criança. Separar os brinquedos por categorias, como sensoriais, criativos, de movimento ou jogos estruturados, facilita a escolha e estimula a comunicação.
Outro ponto fundamental é a previsibilidade. Antecipar mudanças por meio de rotinas visuais, temporizadores ou histórias sociais pode reduzir a ansiedade em situações comuns das férias, como viagens, passeios ou alterações na rotina diária.
Autonomia e vínculo como objetivos centrais
As férias também são um momento propício para estimular a autonomia da criança, com atividades simples e cotidianas. Escolher a roupa, ajudar a arrumar a mesa ou participar do preparo de receitas fáceis são exemplos de ações que fortalecem a autoconfiança e promovem independência.
Para a terapeuta, mais do que preencher o tempo, o foco deve estar na qualidade das experiências. Brincadeiras com música e dança, atividades ao ar livre, propostas criativas com pintura, massinha e desenho ajudam a criar memórias afetivas e fortalecem os vínculos familiares.
Segundo Bruna Betto, respeitar o ritmo da criança e oferecer experiências significativas transforma as férias em um período possível, prazeroso e enriquecedor para toda a família.
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