Saúde • 10:06h • 14 de julho de 2025
Casos de doenças inflamatórias intestinais crescem e exigem atenção ao diagnóstico
Levantamento da Sociedade Brasileira de Coloproctologia aponta aumento expressivo nos casos e reforça a importância do diagnóstico precoce e da alimentação adequada
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Experta Media | Foto: Divulgação

As doenças inflamatórias intestinais (DIIs) vêm crescendo de forma preocupante no Brasil. Um estudo inédito realizado pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) mostrou que as internações decorrentes dessas enfermidades aumentaram 61% em nove anos: foram 23.825 internações em 2024 contra 14.782 em 2015, segundo dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS.
Mais de 170 mil pacientes deram entrada em unidades de saúde do país nesse período, consolidando essas doenças como um desafio crescente para a saúde pública. A pesquisa, considerada a maior do tipo já feita no Brasil, indicou ainda uma alta anual de 15% na prevalência das DIIs, com até 100 casos para cada 100 mil habitantes, principalmente nas regiões Sudeste e Sul.
As DIIs englobam condições crônicas marcadas por inflamação recorrente no trato gastrointestinal. As duas formas mais conhecidas são a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, que não têm cura definitiva e provocam sintomas como dores abdominais, diarreia frequente, sangramentos, perda de apetite, emagrecimento e fadiga, prejudicando significativamente a rotina dos pacientes.
Embora as causas ainda não estejam totalmente esclarecidas, acredita-se em uma reação exagerada do sistema imunológico à própria flora intestinal ou alterações na microbiota. Isso faz com que o organismo ataque as células do intestino como se fossem corpos estranhos, desencadeando o processo inflamatório.
Diagnóstico detalhado e precoce é essencial
A SBCP alerta que o diagnóstico de DIIs exige uma abordagem detalhada: avaliação clínica, exames laboratoriais, endoscópicos e de imagem. A colonoscopia com biópsia é considerada um dos principais procedimentos para visualizar o intestino e identificar alterações na mucosa, avaliando a extensão e a gravidade da doença.
Outros exames importantes incluem testes de sangue e fezes para detectar anemia ou parasitas, além de tomografia e ressonância magnética para avaliar complicações como fístulas, perfuração do intestino ou megacólon.
Segundo a coloproctologista Ana Sarah Portilho, diretora de comunicação da SBCP, o aumento das internações não está relacionado apenas à severidade dos casos, mas também ao crescimento no número de novos diagnósticos sem tratamento prévio. Ela destaca ainda que os casos são mais numerosos em capitais e áreas com maior urbanização e industrialização.
Alimentação como parte do tratamento
O Ministério da Saúde ressaltou os desafios enfrentados pelos pacientes, principalmente em relação à dieta. Para quem convive com DIIs, a alimentação, muitas vezes um momento de prazer e socialização, pode causar ansiedade e estresse por conta das restrições necessárias para evitar crises.
Por afetar diretamente a digestão e a absorção de nutrientes, as DIIs tornam a alimentação um pilar importante no tratamento. A orientação é que cada paciente tenha acompanhamento personalizado com nutricionista, considerando o estágio da doença, os sintomas e os medicamentos em uso.
Entre as recomendações gerais estão: fazer várias refeições pequenas ao dia, mastigar bem os alimentos, comer em ambientes tranquilos, verificar rótulos para escolhas mais seguras, optar por alimentos de procedência confiável e higienizar bem frutas, verduras e legumes.
De acordo com o Ministério da Saúde, o equilíbrio nutricional deve contemplar carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas, minerais e fibras, sempre adaptados às necessidades individuais.
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