Responsabilidade Social • 12:01h • 21 de novembro de 2025
Calor torna microplásticos ainda mais tóxicos para peixes, apontam pesquisas brasileiras
Estudos da Embrapa e do CNPEM mostram que o aumento da temperatura da água intensifica a toxicidade dos microplásticos, especialmente quando combinados com metais pesados como o cobre. A descoberta ajuda a entender riscos para ecossistemas aquáticos e para a piscicultura
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações da Embrapa | Foto: Arquivo Âncora1
Pesquisadores brasileiros estão mostrando que o aumento da temperatura da água, provocado pelas mudanças climáticas, pode deixar os microplásticos ainda mais perigosos para a vida aquática. Em estudos realizados pela Embrapa e pelo Laboratório Nacional de Nanotecnologia do CNPEM, com apoio da Fapesp, cientistas descobriram que a presença de metais pesados, como o cobre, agrava ainda mais esses efeitos em peixes de importância ambiental e econômica.
Microplásticos são pequenas partículas que surgem da degradação do plástico e chegam aos rios e mares pelo descarte inadequado de resíduos. No ambiente, eles se misturam a outros poluentes, sofrem ação da luz solar e são influenciados pela temperatura da água — fatores que podem aumentar a toxicidade dessas partículas.
Para entender melhor esses impactos, a equipe da Embrapa conduz experimentos com zebrafish e tilápias, simulando condições ambientais reais. Os peixes são expostos a microplásticos envelhecidos pela radiação ultravioleta, associados ao cobre, e mantidos em água com temperaturas normais e também três graus mais altas, como previsto em cenários de aquecimento global. Os cientistas avaliam desde taxas de sobrevivência até alterações no metabolismo, identificando sinais de estresse antes mesmo de ocorrerem mortes.
Os resultados mostram indícios de que o calor aumenta a toxicidade dos microplásticos e do cobre, podendo causar danos aos tecidos e ao desenvolvimento dos peixes. Isso é especialmente relevante para a piscicultura, setor essencial à produção de alimentos.
Durante a pesquisa, os cientistas enfrentam desafios práticos. No caso do zebrafish, são testadas larvas minúsculas mantidas em microplacas. Já na tilápia, são usados peixes jovens, grandes o suficiente para permitir coleta de sangue. Como os testes duram vários dias, a água dos aquários precisa ser renovada constantemente, o que exige controle rigoroso da concentração de cobre.
O estudo destaca que, no ambiente real, a toxicidade dos microplásticos não ocorre de forma isolada. Mudanças climáticas e poluentes adicionais interagem e podem intensificar os danos nos ecossistemas aquáticos. Compreender essas relações é essencial para prever impactos, orientar políticas públicas e proteger tanto a biodiversidade quanto atividades econômicas dependentes de águas saudáveis.
A pesquisa também analisa como o corpo dos peixes reage aos poluentes:
- Radicais livres: moléculas instáveis que se formam no organismo diante de estresses, como poluição e aumento da temperatura. Em excesso, podem causar danos às células.
- Estresse oxidativo: ocorre quando o organismo produz mais radicais livres do que consegue neutralizar, afetando o metabolismo e reduzindo a sobrevivência dos peixes.
- Enzimas antioxidantes: funcionam como defesa interna contra os radicais livres. Ao medir sua atividade, os pesquisadores conseguem identificar sinais de estresse antes que os peixes apresentem doenças ou morram.
Com esses dados, os cientistas pretendem definir limites seguros de poluição e contribuir para a proteção dos ecossistemas e da cadeia produtiva da piscicultura.
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