Saúde • 10:36h • 25 de dezembro de 2025
Calor pode aumentar risco de casos de AVC, alerta médico
Bebida alcoólica também eleva possibilidade de arritmia
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência Brasil | Foto: Arquivo Âncora1
Casos de acidente vascular cerebral (AVC) tendem a aumentar no verão, afirmou à Agência Brasil o neurocirurgião e neurorradiologista intervencionista do Hospital Quali Ipanema, no Rio de Janeiro, Orlando Maia.
Segundo o médico, diversos fatores tornam as pessoas mais suscetíveis ao AVC nessa época do ano. Um dos principais é o calor, que provoca desidratação natural das células e aumenta a chance de coagulação do sangue. “Isso eleva o potencial de ocorrência de AVC, já que o AVC está diretamente ligado à formação de coágulos”, explica.
Existem dois tipos de AVC. O hemorrágico ocorre quando há rompimento de um vaso cerebral e corresponde a cerca de 20% dos casos. Já o AVC isquêmico, responsável pela maioria das ocorrências, é causado pela formação de um coágulo que obstrui um vaso. De acordo com Maia, a desidratação deixa o sangue mais espesso e concentrado, favorecendo a trombose e, consequentemente, aumentando a predisposição ao AVC.
Pressão arterial
Outros fatores estão relacionados à pressão arterial. No verão, o calor tende a provocar vasodilatação, o que reduz a pressão arterial. “Essa dilatação dos vasos, que ocorre como mecanismo de compensação ao calor, pode favorecer a formação de coágulos e também desencadear arritmias, quando o coração bate fora do ritmo”, explica o médico.
Nessas situações, há maior chance de formação de coágulos no coração, que podem entrar na corrente sanguínea e alcançar o cérebro, já que cerca de 30% do sangue bombeado pelo coração é direcionado para o órgão.
Outro fator comum no verão é a redução dos cuidados com a saúde durante as férias, o que geralmente resulta em maior consumo de bebidas alcoólicas, intensificando a desidratação. Além disso, o álcool aumenta a probabilidade de arritmias. A negligência com a rotina também pode levar ao esquecimento do uso de medicamentos, elevando ainda mais o risco de AVC.
Doenças típicas
Somam-se a esses fatores as doenças mais comuns no verão, como gastroenterites associadas ao calor, que provocam diarreia, além de insolação e esforço físico excessivo. “Tudo isso, em conjunto, faz com que a pessoa tenha maior propensão a sofrer um AVC no verão”, ressalta.
O neurocirurgião lembra ainda que o tabagismo contribui significativamente para o problema. “Hoje, o tabagismo é uma das principais causas externas de AVC.” O fumo favorece o desenvolvimento de doenças cerebrovasculares, como o aneurisma, fortemente associado à nicotina.
“A nicotina bloqueia uma proteína dos vasos chamada elastina, reduzindo a elasticidade vascular. Isso pode favorecer o AVC hemorrágico e também desencadear processos inflamatórios nos vasos, facilitando a aderência de placas de colesterol ao longo do tempo e o entupimento das artérias. Portanto, o tabaco está diretamente relacionado tanto ao AVC hemorrágico quanto ao isquêmico”, destaca.
Segundo Maia, o estilo de vida moderno, aliado ao tabagismo e ao controle inadequado de doenças crônicas, tem feito com que cada vez mais pessoas com menos de 45 anos desenvolvam AVC.
No verão, o Hospital Quali Ipanema atende cerca de 30 pacientes por mês com AVC, aproximadamente o dobro do registrado em outras épocas do ano. Para o médico, trata-se de uma doença extremamente comum. “Se considerarmos o AVC como uma condição única, sem separar os diferentes tipos de câncer, ele é a doença mais frequente na humanidade. Uma em cada seis pessoas terá um AVC ao longo da vida”, afirma. Por isso, ele ressalta a importância de observar casos na família e entre amigos, já que não se trata de episódios isolados.
Mortes
O AVC está entre as principais causas de morte e incapacidade no mundo. “Quando não leva à morte, frequentemente deixa sequelas importantes. É uma doença que não afeta apenas o paciente, mas toda a família, pois geralmente duas pessoas precisam se dedicar aos cuidados. Além da mortalidade, é extremamente incapacitante”, afirma. Entre as sequelas estão dificuldades para andar, falar, se alimentar sozinho ou enxergar, dependendo da área do cérebro atingida. “O cérebro funciona como um grande computador, e tudo depende da região afetada”, explica.
De acordo com Orlando Maia, a prevenção é fundamental. “É uma doença para a qual precisamos chamar a atenção de todos, porque há prevenção e tratamento.” As medidas preventivas incluem hábitos de vida saudáveis, prática regular de atividade física ao menos três vezes por semana, alimentação equilibrada, controle da pressão arterial, uso correto dos medicamentos e abandono do tabagismo.
No passado, as opções de tratamento eram limitadas. Hoje, existem duas abordagens principais, e a rapidez no atendimento é decisiva. A primeira é a infusão de um medicamento intravenoso que dissolve o coágulo. “Na maioria dos casos, esse remédio é suficiente para resolver o problema”, explica.
Quando isso não é possível ou em situações mais específicas, os médicos utilizam um cateter introduzido pela virilha, que funciona como um desentupidor. O procedimento aspira o coágulo de dentro do vaso, restabelecendo a circulação e permitindo a recuperação do paciente.
Cateter
O médico esclarece que o medicamento só pode ser administrado até quatro horas e meia após o início dos sintomas. Já o procedimento com cateter, em casos selecionados, pode ser realizado até 24 horas após os primeiros sinais. “Quanto mais rápido o atendimento, melhores são os resultados”, reforça.
Os sintomas de AVC incluem paralisia súbita de um membro ou de todo um lado do corpo, fala enrolada, perda de visão em um dos lados, tontura intensa ou perda súbita da consciência. “São sinais claros de que a pessoa está tendo um AVC. Nesses casos, não se deve esperar. É preciso levá-la imediatamente ao hospital, pois se trata de uma emergência médica”, finaliza o neurocirurgião.
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