Saúde • 10:12h • 19 de setembro de 2025
Anvisa aprova novo remédio contra insônia com menor risco de dependência
Lemborexante (Dayvigo), medicamento da Eisai, age bloqueando sinais de vigília e chega ao Brasil com expectativa, mas sem data ou preço definidos.
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações do CFF | Foto: CFF

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a entrada no país do lemborexante, comercializado como Dayvigo pela farmacêutica japonesa Eisai. A substância chama atenção por um modo de ação diferente dos hipnóticos tradicionais: em vez de “desligar” a atividade cerebral, ela atua bloqueando mecanismos que mantêm a vigília — o que, segundo estudos, pode reduzir o risco de dependência associado a benzodiazepínicos e às chamadas drogas Z.
Pesquisadores da Universidade de Oxford avaliaram 36 tratamentos em uma revisão publicada em The Lancet e apontaram o lemborexante como um dos que apresentam melhor combinação de eficácia, aceitabilidade e tolerabilidade. Especialistas ouvidos destacam o potencial do medicamento, mas pedem cautela: trata-se de uma nova classe terapêutica cujos efeitos a longo prazo ainda precisam ser monitorados na prática clínica. “O risco de abuso parece ser menor, mas só o tempo dirá”, afirma a neurologista Dalva Poyares.
Segundo o parecer da Anvisa, a dose inicial recomendada é de 5 mg, tomada poucos minutos antes de deitar — com pelo menos sete horas previstas de sono — e, se necessário, pode ser elevada para 10 mg conforme resposta clínica. A autorização vale apenas para adultos. A chegada formal ao mercado brasileiro depende ainda da definição do preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED); nos Estados Unidos, onde foi liberado em 2019, uma caixa com 30 comprimidos custa em média US$ 300.
Profissionais do sono enaltecem a importância de novas alternativas. “Medicamentos antigos, muito usados desde a década de 1960, trazem riscos conhecidos de dependência e prejuízo cognitivo quando usados por longos períodos”, comenta Luciana Palombini, pesquisadora do Instituto do Sono. Alexandre Pinto de Azevedo, psiquiatra da USP, ressalta que o lemborexante pode suprir uma lacuna terapêutica ao oferecer opção sem necessidade de desmame ou retirada com rebote evidente, embora observe que drogas como a ezopiclona também aparecem como alternativas com perfil de segurança favorável.
A Eisai informou ao jornal que está “se preparando para a introdução no mercado brasileiro”, mas não divulgou cronograma nem valores. Enquanto isso, médicos e pacientes aguardam a definição de preço e o início da comercialização, com a expectativa de contar em breve com um medicamento que combine eficácia e menor propensão à dependência para o tratamento da insônia.
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