Responsabilidade Social • 16:10h • 13 de agosto de 2025
Adultização de crianças nas redes sociais expõe economia bilionária que precisa ser interrompida
Denúncia de influenciador reacende debate sobre exploração infantil online e como o lucro das plataformas sustenta o problema
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria | Foto: Divulgação
A recente denúncia feita pelo influenciador Felca sobre a adultização de crianças nas redes sociais provocou uma onda de indignação e colocou luz sobre um tema que vai muito além da moralidade. O vídeo, que ultrapassou dezenas de milhões de visualizações, apontou como conteúdos de apelo sexual precoce envolvendo menores circulam e são amplificados pelas plataformas digitais, revelando um sistema que transforma a infância em fonte de receita.
Especialistas alertam que o cerne da questão está no modelo de negócios dessas redes. Plataformas como YouTube, TikTok e Instagram vivem da publicidade e tratam o tempo de atenção do usuário como produto. Quanto maior o engajamento de um vídeo, mais ele é impulsionado e mais anúncios são vendidos, gerando receita para a empresa. Esse mecanismo cria um incentivo perigoso: conteúdos nocivos, mesmo que exploratórios, podem se tornar altamente rentáveis.
A prática não é inédita. Em 2019, o YouTube foi multado em US$ 170 milhões por coletar dados de crianças sem consentimento e exibir anúncios direcionados. Hoje, com a publicidade programática e a chamada “economia do criador”, a monetização se tornou mais sofisticada e difícil de rastrear. Isso inclui canais em que crianças, muitas vezes com apoio dos próprios responsáveis, produzem vídeos que cruzam linhas éticas para competir por audiência e manter a receita, que pode variar de R$ 5 mil a R$ 50 mil por mês.
O risco também recai sobre as marcas, já que anúncios podem ser exibidos automaticamente em vídeos que exploram a imagem infantil sem que os anunciantes tenham ciência disso. Além do dano reputacional, há um custo social significativo: segundo a UNICEF, para cada dólar investido em prevenção à exploração infantil online, economizam-se até US$ 7 em gastos com saúde e políticas sociais no futuro.
Entre as possíveis soluções estão limitar a monetização de conteúdos infantis, criar auditorias independentes na publicidade digital, exigir transparência algorítmica e ampliar a educação digital para pais e responsáveis. Especialistas afirmam que, enquanto o retorno financeiro do engajamento for maior que o custo legal ou de imagem, haverá pouco incentivo para mudanças estruturais.
Para que a proteção da infância seja efetiva, é preciso ir além do debate moral e atacar a raiz do problema: o lucro que mantém esse mercado. Reduzir os incentivos econômicos que sustentam a adultização é não apenas um imperativo ético, mas também uma decisão estratégica para reduzir danos sociais e preservar o desenvolvimento saudável das novas gerações.
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