Saúde • 18:31h • 19 de setembro de 2025
Ansiedade se torna epidemia silenciosa nos ambientes de trabalho no Brasil
Cultura de silêncio ainda prevalece nas empresas e aumenta riscos à saúde mental dos trabalhadores
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria Baronesa | Foto: Divulgação
O Brasil ocupa o posto de país mais ansioso do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Estima-se que 9,3% da população conviva com ansiedade clínica e que 5,8% enfrente depressão. No mercado de trabalho, os reflexos são evidentes: em 2023, mais de 220 mil afastamentos ocorreram por transtornos mentais e comportamentais, de acordo com o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho da OIT e da OPAS.
Mesmo diante de números alarmantes, muitas organizações ainda mantêm a cultura do silêncio. Sintomas de estresse e exaustão são frequentemente confundidos com engajamento. Queda de energia, dificuldade de concentração e excesso de horas trabalhadas muitas vezes não são percebidos como sinais de sofrimento. Especialistas alertam que a ausência de escuta ativa e empatia por parte das lideranças pode transformar quadros de ansiedade em crises graves.
A Pesquisa Nacional de Saúde Mental no Trabalho, realizada pela Fiocruz em parceria com a UFMG, mostrou que 30% dos trabalhadores brasileiros relataram sintomas frequentes de ansiedade no último ano. Entre os jovens de 18 a 29 anos, o índice sobe para 40%. Para especialistas, o modelo atual de trabalho, baseado em pressão constante, não é sustentável e compromete a qualidade de vida de toda uma geração.
Nesse cenário, o papel das lideranças é decisivo. Estudos da consultoria Gallup indicam que 70% do clima de uma equipe é diretamente influenciado pela forma de liderar. Ações simples, como validar sentimentos, criar espaços de escuta e cultivar empatia, têm impacto direto na redução de afastamentos e no aumento da produtividade saudável.
Além do aspecto humano, há exigências legais. A Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), revisada pelo Ministério do Trabalho, determina que todas as organizações adotem medidas de prevenção de riscos ocupacionais, incluindo os psicossociais. O não cumprimento pode resultar em multas, processos e perda de talentos. Protocolos como o HSE Management Standards Indicator Tool e o COPSOQ oferecem ferramentas acessíveis para monitorar o ambiente de trabalho e orientar ações preventivas.
O maior desafio, no entanto, ainda é cultural. O medo de demonstrar fragilidade faz muitos trabalhadores silenciarem seus sofrimentos. Para especialistas, a mudança depende de líderes que reconheçam seus próprios limites, validem as emoções da equipe e estimulem a busca por ajuda. Mais do que campanhas sazonais, a saúde mental precisa se consolidar como política corporativa permanente.
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